São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2004

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USADOS

Volks lidera ranking da liqüidez, mas também tem modelos que encalham

Lojistas traçam o mapa da mina para evitar os "micos"

Roosevelt Cássio/Folha Imagem
O lojista Carlos Pretti em uma picape Fiat Strada 2003, carro que, segundo ele, tem giro rápido


MARCELO PIZANI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

"Você conhece, você confia." Se não é suficiente para devolver a liderança do mercado de carros novos para a Volkswagen (tomada pela Fiat), o slogan rende frutos entre os seminovos.
O Gol é "dinheiro na mão", na gíria dos vendedores. "O Geração III entra na loja e já pode ser considerado vendido", diz Carlos Pretti, sócio de uma loja de usados na zona sul de São Paulo.
A marca alemã tem a melhor liqüidez do mercado, mas não basta ostentar o emblema "VW" para ser negociado rapidamente. "Quantum parou de vender. Santana, de 2000 para cá, sai bastante. Se for mais velho, é difícil negociar", exemplifica Pretti.
Modelos Volkswagen híbridos, feitos em parceria com a Ford na antiga Autolatina, também são "micos". Veículos como Logus e Pointer, que tinham plataforma do Ford Escort e mecânica Volkswagen, dificilmente interessam.
A liderança da Fiat no mercado de novos reflete-se no de usados. Palio, Strada e Palio Weekend vendem, mas alguns modelos encalham, como o Siena e o Tempra, que ganhou a fama de quebrar muito e de ter manutenção cara.
Na linha Marea, a perua vende bem, o sedã, não. O que "queima" o carro é o fato de, para trocar a correia dentada, ser necessário baixar todo o motor, o que fica caro em virtude da mão-de-obra.

Importados
Devido ao alto custo da manutenção, o preço de alguns importados despencou. O Chrysler Stratus vendia bem enquanto a montadora possuía linha de produção no Brasil. A fábrica fechou, e o preço das peças subiu muito. "Depois de muita procura, paguei R$ 800 no cabo de embreagem de um Stratus", conta Pretti.
O empresário Carlos Alberto Martins tem um Stratus 1997 e sabe que é difícil vendê-lo. "O carro nunca me deu problema. Como não tenho pressa, não vou jogar o preço lá embaixo porque o carro é muito bom."
A dificuldade em achar peças também ajuda a diminuir o interesse por algumas marcas. Há comerciantes que não compram, por exemplo, carros da Subaru, da Mazda, da Kia e da Asia.
"Se uma Towner vale R$ 7.000 na tabela, pago R$ 4.000", arremata Francisco Medina Alonso, da loja 572 da alameda Barão de Limeira, região da "boca de automóveis", no centro da cidade.
Nem todas as montadoras que saíram do Brasil tiveram seus produtos desvalorizados. Talvez pelo fato de exigirem pouca manutenção, os jipes Suzuki, por exemplo, continuam tendo boa procura, sem queda de preço.

Preferências
Os importados "velhinhos" vêem seu valor despencar porque as empresas financeiras não estão negociando modelos fabricados antes de 1999. Para esses, o negócio quase sempre é feito à vista.
Um consenso: carros de duas portas são mais difíceis de vender do que os de quatro. Além disso, os de cor branca são rejeitados pelos paulistanos. "O consumidor acha que já foi táxi", diz Alonso. Os modelos em prata são os preferidos. Quando estão em falta, a opção é pelos escuros.
Um carro que é sempre bem-vindo na loja José Maria Comércio de Veículos, também na região da "boca", é o Chevrolet Monza. "É bom, barato e tem manutenção barata", diz o vendedor Antonio Fernandes Riva.
Segundo a Assovesp (Associação dos Revendedores de Veículos Automotores no Estado de São Paulo), o ano de 2003 abrigou um comportamento atípico no quesito escolha de modelos.
A fidelidade foi trocada pela disponibilidade financeira. Em vez de definir que carro gostaria de adquirir, o consumidor comprou o que o orçamento permitiu.



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