São Paulo, domingo, 09 de janeiro de 2011

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Montadoras faturaram carros sem vender

Fenabrave diz que fabricantes repassaram veículos para lojas para inflar venda em 2010

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As vendas de carros bateram recorde em dezembro, mas os números foram questionados pela Fenabrave (federação das concessionárias), que denunciou o emplacamento de veículos que não haviam sido vendidos.
Segundo analistas, a estratégia, conhecida como rapel, aumenta a participação de mercado das montadoras, mas eleva o custo das revendas, que estão com excesso de estoque neste mês.
Em dezembro, de acordo com dados do Renavam, foram emplacados 381.498 veículos -30,2% acima do registrado no mesmo período de 2009 (293.019 unidades).
Para Sérgio Reze, presidente da Fenabrave, esse número está distorcido, e o que elevou as vendas foi a manobra das montadoras -ele não citou quais- para melhorar sua posição no ranking de vendas de 2010.
"As montadoras têm introduzido nas concessionárias essa prática de antecipar os emplacamentos dos carros antes mesmo de fechar a venda. Assim a loja terá de vender depois o veículo como usado", afirma Reze.
"Em janeiro podemos esperar uma queda de cerca de 30% nas vendas em relação a dezembro", prevê Reze.
Questionado sobre a denúncia, o presidente da Anfavea (associação dos fabricantes de veículos), Cledorvino Belini, evitou comentar. "Não cabe à Anfavea explicar essas afirmações", diz.
Belini, que também preside a Fiat, líder de vendas por nove anos, afirmou não ter acesso à estratégia de venda utilizada pelas montadoras -em 2004, a GM tirou a liderança da Fiat ao praticar rapel agressivo em dezembro.
Procurada pela Folha, a GM não quis comentar.

PERNA CURTA
José Luiz Gandini, presidente da Abeiva (associação das importadoras), negou o rapel entre as associadas.
"Isso é briga entre as três grandes montadoras por participação de mercado", diz.
Em 2010, a líder Fiat fechou com 22,8%, a Volks, 20,9% e a GM, 19,7%.
Gandini, que também comanda a Kia Motors, que cresceu 125% em 2010, considera o rapel "um absurdo".
"Causa um impacto muito negativo no mercado. Você garante vendas altas em dezembro e depois tem uma queda em janeiro, gerando instabilidade. Mentira tem perna curta", avalia Gandini.
Os 45 mil carros questionados pela Fenabrave, porém, não fazem tanta diferença nas vendas totais de 2010. Mesmo sem eles, o Brasil faria o quarto recorde seguido, com 3,51 milhões de emplacamentos. Em 2009 foram 3,14 milhões. (RICARDO RIBEIRO)


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