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Montadoras faturaram carros sem vender
Fenabrave diz que fabricantes repassaram veículos para lojas para inflar venda em 2010
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As vendas de carros bateram recorde em dezembro,
mas os números foram questionados pela Fenabrave (federação das concessionárias), que denunciou o emplacamento de veículos que
não haviam sido vendidos.
Segundo analistas, a estratégia, conhecida como rapel,
aumenta a participação de
mercado das montadoras,
mas eleva o custo das revendas, que estão com excesso
de estoque neste mês.
Em dezembro, de acordo
com dados do Renavam, foram emplacados 381.498 veículos -30,2% acima do registrado no mesmo período
de 2009 (293.019 unidades).
Para Sérgio Reze, presidente da Fenabrave, esse número está distorcido, e o que
elevou as vendas foi a manobra das montadoras -ele
não citou quais- para melhorar sua posição no ranking de vendas de 2010.
"As montadoras têm introduzido nas concessionárias
essa prática de antecipar os
emplacamentos dos carros
antes mesmo de fechar a venda. Assim a loja terá de vender depois o veículo como
usado", afirma Reze.
"Em janeiro podemos esperar uma queda de cerca de
30% nas vendas em relação a
dezembro", prevê Reze.
Questionado sobre a denúncia, o presidente da Anfavea (associação dos fabricantes de veículos), Cledorvino Belini, evitou comentar.
"Não cabe à Anfavea explicar
essas afirmações", diz.
Belini, que também preside a Fiat, líder de vendas por
nove anos, afirmou não ter
acesso à estratégia de venda
utilizada pelas montadoras
-em 2004, a GM tirou a liderança da Fiat ao praticar rapel agressivo em dezembro.
Procurada pela Folha, a
GM não quis comentar.
PERNA CURTA
José Luiz Gandini, presidente da Abeiva (associação
das importadoras), negou o
rapel entre as associadas.
"Isso é briga entre as três
grandes montadoras por participação de mercado", diz.
Em 2010, a líder Fiat fechou com 22,8%, a Volks,
20,9% e a GM, 19,7%.
Gandini, que também comanda a Kia Motors, que
cresceu 125% em 2010, considera o rapel "um absurdo".
"Causa um impacto muito
negativo no mercado. Você
garante vendas altas em dezembro e depois tem uma
queda em janeiro, gerando
instabilidade. Mentira tem
perna curta", avalia Gandini.
Os 45 mil carros questionados pela Fenabrave, porém,
não fazem tanta diferença
nas vendas totais de 2010.
Mesmo sem eles, o Brasil faria o quarto recorde seguido,
com 3,51 milhões de emplacamentos. Em 2009 foram
3,14 milhões.
(RICARDO RIBEIRO)
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