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SEM PERSONALIDADE
Gás e segurança separam Brasil da Europa
Em Bolonha, montadoras mostram versão a gás do Fox e da C4 Picasso; ESP é próximo passo de proteção
DO ENVIADO ESPECIAL A BOLONHA
Enquanto o Brasil passa por
uma das piores crises de abastecimento de gás natural, a Itália usa o Salão de Bolonha para
incentivar seu uso.
Para eles, com o barril de petróleo cotado a quase US$ 100,
o GNV é a solução mais barata,
rápida e eficaz para diminuir as
12,5 milhões de toneladas de
CO2 despejadas todos os anos.
Além disso, a Itália já tem um
abastecimento bem estruturado, que hoje move cerca de 1,8
milhão de carros no país -na
Europa, os veículos convertidos chegam a 12 milhões. Os
cálculos são da Tartarini, uma
das maiores convertedoras para a gás no continente.
Mas os híbridos (carros que
combinam motores a gasolina
e elétrico) ainda parecem um
sonho de americanos e japoneses -Honda e Lexus (marca de
luxo do grupo Toyota) mostraram até esportivos com as duas
propulsões, que já haviam debutado em Frankfurt e Tóquio.
Em Bolonha, a Citroën é
uma das que levantam a bandeira do gás. Mostrou sua C4
Picasso 1.8 com quatro botijões
transversais de gás natural no
bagageiro. Vermelhos, ficam
escondidos sob um acabamento de veludo e roubam parte do
espaço para as malas. A minivan é prometida para chegar ao
Brasil em abril, mas só com a
motorização 2.0 a gasolina.
O brasileiríssimo Volkswagen Fox também aderiu ao gás
natural. Seu motor 1.4 (o mesmo usado na Kombi) foi desenvolvido na Alemanha para rodar também com o combustível gasoso. Agora ele gera 88 cv
(cavalos) e emite 125 g/km de
CO2 contra os 75 cv e 159 g/km
do motor só a gasolina.
A Volkswagen nega qualquer
intenção de vendê-lo no Brasil.
Até o Kia Picanto teve sua
dose de gás. O porta-malas, que
já era pequeno, quase sumiu
com o botijão: caiu de 280 litros para 112 litros. São 61 cv.
ESP e ABS
As discussões de segurança
são outra prova de que o mercado europeu está longe do brasileiro. A mesma Bosch, que há
três meses inaugurou uma fábrica de freios com ABS (antitravamento) no Brasil -para,
assim, barateá-lo-, incentiva o
uso de ESP (controle eletrônico
de estabilidade) na Europa.
Como o ABS e o airbag já são
obrigatórios na maioria dos
países europeus, nada mais óbvio que incentivar um outro
equipamento que ajuda a reduzir o número de acidentes.
Cinco pessoas fantasiadas de
"dummies" (bonecos com sensores usados em crash-tests)
passeavam pela feira com a frase "Choose ESC" (escolha o
ESC, nome que a Bosch dá para
o sistema de estabilidade). Fora
do pavilhão, uma pista molhada mostra como o sistema eletrônico corrige o carro que sai
da trajetória numa curva.
A Fiat também tem estratégias diferentes de incentivo à
segurança no Brasil e na Itália.
Aqui ela reduz o custo do kit
que traz airbag duplo e ABS, de
R$ 5.000 para R$ 2.900. Na Europa, faz o mesmo, mas com o
ESP. Até o pequeno 500 vem
com o controle de estabilidade.
Já imaginou o ESP num Mille?
(FABIANO SEVERO)
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