São Paulo, domingo, 10 de outubro de 2004

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COMPORTAMENTO

Pesquisa mostra que, até 30 anos, o Audi é o favorito; seguro para novatos ao volante é 30% mais caro

Jovem sonha com A3, mas dirige "popular"

Fernando Moraes/ Folha Imagem
Há dois anos, André Urbano ganhou da mãe um Audi A3 e realizou o sonho de muitos que tem sua idade


LUCAS LITVAY
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Carro é uma paixão nacional. Junto com o Carnaval e o futebol, o automóvel gera discussões e torcidas. E desperta um fascínio em um público que não consegue esperar completar 18 anos e dirigir, legalmente, um automóvel.
Como todo sonho, veículos também geram suas predileções. Uma pesquisa da Research International feita em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife apontou o Audi A3 como o carro mais desejado por quem tem até 30 anos. O hatchback fabricado no Paraná conquistou 17% da preferência. Atrás vem o "irmão" Volkswagen Golf, com 10%.
Entretanto o sonho de consumo passa longe da realidade. Devido ao baixo poder aquisitivo, os mais vendidos são os "populares" Volkswagen Gol, Chevrolet Corsa, Fiat Palio e Ford Fiesta.
Com a ajuda dos pais, alguns conseguem chegar lá. O analista de marketing André Urbano, 23, ganhou da mãe um A3. "O carro tem design invocado e ótimo acabamento, além de não fazer barulho", afirma, citando algumas qualidades que levaram o carro ao topo da preferência. "Mas revisão, peças e seguro são caros."
Porém a indefinição sobre a importação ou não da nova geração do A3 tem afastado compradores, como a universitária Alissa Prince, 23. Ao trocar seu Chevrolet Tigra, ficou em dúvida entre Fiat Stilo, Ford EcoSport e A3. Optou pelo primeiro. "O A3 mudou na Europa, e achei o EcoSport muito duro e caro pelo que oferece."
Ela fazia questão do teto solar panorâmico -que acredita dar um toque jovem ao carro-, pelo qual esperou 47 dias. Mesmo assim, o começo foi difícil. "Além de problemas na bomba de óleo e na chave, fui diversas vezes à revenda consertar o teto solar. Os manobristas ficavam abrindo e fechando, e ele acabou quebrando."
Já a estudante Camila Araújo, 21, optou pelo design de utilitário-esportivo do EcoSport, o quarto modelo mais desejado na pesquisa da Research International -o modelo da Ford ficou atrás do Mitsubishi Pajero. "Sempre gostei desse tipo de carro, e quando o EcoSport foi lançado não tive dúvida de que um dia o teria." Se o formato agrada, Araújo reclama do consumo do motor 1.6 e também do acabamento.

Seguro caro
Com as "máquinas" rodando, surge um problema. Segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), quem tem até 30 anos representa 27% das vítimas fatais nas estradas federais. O último dado, de 2002, mostra que 5.006 jovens perderam a vida. A porcentagem sobe para 35% quando se excluem as mortes.
O resultado disso é que o seguro para jovens é até 30% mais caro que o de segurados acima de 25 anos. "Nosso banco de dados mostra que eles são os que mais provocam acidentes, principalmente os do sexo masculino", diz Jorge Bento, vice-presidente da sucursal paulista da SulAmérica.
Segundo ele, os homens até 25 anos pagam, em média, 7% a mais que as mulheres. "As estatísticas comprovam que garotas são mais cautelosas que rapazes. Por exemplo, quando saem para balada, a maioria costuma guardar o carro no estacionamento. Os homens têm menos receio de serem roubados e deixam na rua."
A diferença no prêmio do seguro reflete o tipo de acidente que causam. Na maioria dos casos em que batem, a reparação atinge 50% do valor do veículo ou a perda é total. A principal causa é o pé no acelerador: eles costumam ultrapassar a velocidade permitida com mais freqüência que elas.
Apesar de não ser um fenômeno recente, só agora as grandes montadoras têm investido nesse emergente e exigente público. Campanhas publicitárias, acessórios e modelos desenvolvidos para o gosto jovem demonstram essa mudança de foco. Os jovens já representam 25% das vendas de Fiat, Chevrolet, Volks e Ford.

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