São Paulo, domingo, 11 de janeiro de 2004

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SALÃO

Visitante confere novos Corvette e Mustang, Ferrari exibe um cupê 2+2, e Chrysler cria protótipo que chega a 100 km/h em 2,9s

Detroit rima saudade com esportividade

JOSÉ AUGUSTO AMORIM
ENVIADO ESPECIAL A DETROIT

Eles não fazem Ferrari nem Porsche, mas todas as lendas americanas apareceram no Naias 2004 (North American International Auto Show). A Chevrolet mostrou a sexta geração do Corvette, a Ford transformou em modelo de série o conceito do Mustang apresentado em 2003, e a Chrysler inventou um esportivo que promete ser mais rápido que as máquinas italianas e alemãs.
O Corvette chega com o apelo de mais potência, mais paixão e mais precisão para atingir a performance de um esportivo. Outra novidade são os faróis expostos, não usados desde 1962. Mas o interior, em alumínio e couro, mantém o conceito de cockpit.
Desenhado com a ajuda de computador, o sexto capítulo da história do modelo é o mais aerodinâmico. O motor 6.0 V8 (oito cilindros em "V") oferece 400 cv (cavalos). A fábrica diz que, mesmo assim, a economia de combustível é equivalente à de um bem-comportado sedã familiar.
Alma da Ford, o Mustang resume a filosofia da marca: reúne beleza, preço e diversão. Tem 200 cv com o propulsor V6 e não passa dos US$ 20 mil. Só que a fábrica afirma que ele tem um interior de carros mais caros, permitindo que o motorista crie 125 cores para o fundo do painel com o toque de um botão.
Como estamos falando de uma lenda, alguns tópicos são imutáveis: lanternas divididas em três partes, lateral "musculosa", traseira curta e cavalinho na grade estão todos lá. Mas ele usa uma nova plataforma.
Diante de Corvette e Mustang, a outra grande montadora americana não poderia deixar de mostrar um verdadeiro esportivo. Diretores da Chrysler fazem questão de frisar que o ME Four-Twelve é um protótipo, não um carro-conceito, o que o deixaria mais perto das revendas. Com carroceria feita com fibra de carbono, começou a ser projetado logo após o fim do Salão de Detroit do ano passado.
Se forem verdadeiros os números divulgados, o esportivo quebrará recordes. O motor 6.0 V12, criado pela AMG, seria capaz de gerar 850 cv de potência e 117,3 kgfm de torque (força). Ou seja, ao pisar no acelerador, o motorista precisaria de inacreditáveis 2,9s para chegar aos 100 km/ h.

Inspiração passada
A Ford também resolveu "brincar". O resultado foi o Shelby Cobra. "Depois de fazer os novos GT e Mustang, você se pergunta qual seria o próximo passo. Um motor de dez cilindros e 605 cv é um bom começo", diz J. Mays, vice-presidente de design da Ford. O desenho foi criado para reforçar a idéia do desempenho.
Grade em forma de grelha, bancos baixos e caixas de rodas sobressalentes fazem a ligação emocional com o Cobra original, de 1960. Para aumentar a eficiência, o de 2004 usa vários elementos do GT, como suspensão. Se a reação do público for positiva, vira modelo de série. Assim como o GT.
No meio de todos esses esportivos, a atração continua com a rainha da esportividade. Comemorando seus 50 anos de atuação nos EUA, a Ferrari trouxe ao país seu novo cupê 2+2. Feito todo em alumínio e assinado por Sergio Pininfarina, o 612 Scaglietti é maior e mais leve que o 456, o último modelo a ter a configuração.
Apesar de levar mais pessoas, não se trata exatamente de uma opção familiar para ir ao shopping. O 612 Scaglietti acelera de 0 a 100 km/h em 4,2s, graças ao motor de 540 cv e 60 kgfm. O câmbio pode ser manual ou F-1, e o velocímetro marca até 315 km/h.

Frio versus conversíveis
Mesmo com os termômetros bem abaixo de 0, Detroit ganha alguns conversíveis. A Chrysler aproveita o evento para exibir dois "sem-teto". O PT Cruiser custará US$ 19.995, o que o torna o conversível para quatro pessoas mais barato do país. Por esse preço, é vendido com motor 2.4 e 150 cv, mas há a versão GT, de 220 cv.
Já o roadster Crossfire, cuja capota é recolhida em 22s, está preocupado com desempenho. Tem mais torque que Porsche Boxter, Audi TT e BMW Z4. Feito na Alemanha, o Crossfire se move usando um 3.2 V6 de 215 cv e conta com vários itens de segurança.


José Augusto Amorim viajou a convite da Anfavea


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