São Paulo, domingo, 11 de abril de 2004

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CONSUMO

Especialistas dão dicas para tornar mais eficientes e precisas as avaliações feitas pelos motoristas nas autorizadas

Test-drive bem-feito alonga "casamento"

ARMANDO PEREIRA FILHO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO

Como em toda relação que se pretende duradoura, um test-drive bem-feito pode evitar problemas no futuro. O motorista deve primeiro definir o tipo de veículo de que precisa, planejar como vai conferir se ele serve ao objetivo, prestar muita atenção a detalhes e fazer uma bateria de perguntas.
Tem de checar desde o ângulo de abertura dos retrovisores externos até a capacidade de esterçamento para manobras numa rua estreita, passando pelo desempenho em ladeiras, pela altura do encosto de cabeça e pela facilidade de acesso aos comandos.
Essas são algumas das sugestões de professores de engenharia e de técnicos de montadoras e de concessionárias ouvidos pela Folha. São dicas que ajudam a usufruir melhor o test-drive e a escolher o automóvel mais pertinente.

Maravilha enganosa
O coordenador do curso de mecânica automobilística da FEI (Fundação Educacional Inaciana), Ricardo Bock, 50, diz que carro novo sempre parece "maravilhoso", mas isso não é exato.
"Em 15 minutos de test-drive, não dá para avaliar muito bem. Quando o motorista passa três horas no carro, alguns detalhes podem incomodar." Ninguém deve ficar com o pescoço esticado nem bater o joelho no painel.
Ao entrar no carro para um passeio de reconhecimento, o motorista não pode ter pressa, diz Marcelo Massarani, 38, professor do mestrado profissional em engenharia automotiva da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo). Precisa regular bancos, volante, retrovisores. Se for necessário se inclinar para alcançar os comandos, é mau sinal.
Nem sempre as concessionárias dispõem, para test-drive, do modelo em que o comprador está interessado. A versão pode ser superior, e o cliente fica sob risco de se decepcionar quando levar para casa um veículo mais simples.
O consultor da área automobilística Amos Lee, 50, adverte sobre isso. "O motorista deve exigir que o teste seja feito exatamente com o modelo que ele deseja."

Pontos esquecidos
Para Edmilson Briotto, 50, gerente de treinamento da Academia Peugeot, entre pontos importantes esquecidos na hora do teste, estão a verificação do ângulo de manobra, dos ângulos dos retrovisores, da regulagem de altura dos bancos e dos cintos de segurança. "A maioria acha que test-drive é só acelerar e frear."
Experimentar o veículo em diferentes terrenos, incluindo ladeiras, é a sugestão de Natan Vieira, 36, gerente de produto da Ford.
Roberto Gasparetti, 40, supervisor de marketing de produto da Mercedes-Benz, pondera que os roteiros preestabelecidos para test-drive podem limitar os resultados. "Os clientes devem ser deixados à vontade para decidir."
Definir a utilidade do carro é o primeiro passo, afirma Ubner Castelo Branco, 33, analista de estudos técnicos da Renault. "Vai usar no trabalho ou no lazer?"
Ele também recomenda verificar a existência de itens de segurança: airbag duplo, freios com ABS e barras de proteção lateral.
O cliente não deve dar uma volta como se estivesse dirigindo normalmente, alerta Sergio Yassui, 39, gerente de qualidade da Nissan. Ele precisa parar, arrancar, mudar de marcha, para sentir a facilidade dessas operações.
Se, nas trocas de marcha, o câmbio arranhar, o motorista deve averiguar mais. "O cliente não pode achar que é "barbeiro". Tem de repetir a operação algumas vezes para ver se acontece de novo", diz Roberto Carlos Silva Junior, 32, gerente comercial da Citroën.


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