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Carro só tem perda total quando conserto supera 75% seu valor
Pode haver acordo, como no caso dos importados, cujas peças são caras
GERSON CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Com apenas nove dias, o
Chevrolet Celta da bancária
Thaís Biston, 26, foi atingido na
traseira. Ela ficou surpresa
quando a seguradora não "deu"
perda total. Mas a empresa estava certa: o conserto não tinha
atingido 75% do valor do carro.
"Recortaram a traseira e colocaram outra", acusa, insatisfeita, Biston. "O conserto ficou
em R$ 4.260, menos de 75% do
preço do carro", responde Júlio
Melo, gerente de atendimento
ao cliente da Porto Seguro.
"Alguém vai pagar meu prejuízo", diz ela, que reclama de
barulho no bagageiro, cujo assoalho teria sido mal reparado.
Vítima de uma batida na lateral de seu Fiat Mille, a estudante Joana Whately Pacheco, 25,
também achou que a seguradora "daria" perda total. "Depois
do conserto, a porta não abria,
e até tive de sair pela janela.
Na revenda, pagaram pouco,
pois perceberam que tinha sofrido uma batida grave", lembra
ela, que desistiu de brigar.
Se o cliente ficar insatisfeito
com o reparo, pode voltar à oficina, contatar a seguradora ou
recorrer à Justiça. "Nesse caso,
é necessário entrar com uma
ação de "litis consórcio" [recurso que envolve dois ou mais
réus] e acionar o culpado pelo
acidente, a seguradora e a oficina", explica Alexandre Costa
Oliveira, 39, técnico do Procon-SP (Fundação de Proteção e
Defesa do Consumidor).
Mas há quem não queira a
perda total. "Quando o carro
ainda está alienado, quitamos a
dívida e reembolsamos a quantia já paga. Geralmente, o cliente quer ficar com o veículo e
discute o orçamento", explica
José Carlos de Oliveira, 50, diretor da Marítima.
Os importados, com peças
caras, podem atingir a indenização total facilmente. E corretores ouvidos pela Folha contam que há entendimento: um
deles diz que uma seguradora
ficou com o carro de uma cliente insatisfeita e a indenizou.
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