São Paulo, domingo, 11 de julho de 2010

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Pneu "run flat" está com dias contados

Composto extra que roda mesmo furado é muito caro e raro nos estoques dos lojistas e das concessionárias

A segunda geração do "run flat" está mais flexível, mas ainda é rígida e ruidosa, o que incomoda o motorista

FABIANO SEVERO
DE SÃO PAULO

Os pneus "run flat" unem o melhor de dois mundos: podem rodar furados e ainda liberam o espaço no porta-malas que seria do estepe.
Perfeito, se eles não fossem tão caros e difíceis de encontrar no mercado de reposição em muitos países.
Como o volume de carros com "run flat" no Brasil é pequeno, os lojistas não investem no estoque desses pneus. "Os revendedores que têm o "run flat" aumentam o preço pela falta de oferta", afirma Renato Silva, gerente de produto da Michelin.
Exemplo: um Michelin Pilot Sport 2 na medida 255/35 R18 custa R$ 1.500 (a unidade). Mas, se o pneu é "run flat", sobe para cerca de R$ 2.500 em lojas de São Paulo.
No Brasil, outro problema são os buracos, destaca Silva. "Mesmo com o flanco rígido, os "run flat" são vulneráveis a pancadas fortes. Se o pneu fizer uma bolha no ombro, por exemplo, não terá mais utilidade. Terá de ser substituído."
A empresa francesa foi uma das primeiras a apostar nessa tecnologia, mas viu reduzir-se o mercado OEM (equipamentos originais de primeira montagem, em inglês). A BMW é uma das montadoras que podem voltar a vender carros novos com estepe em alguns anos.
"O pneu "run flat" é uma solução muito inteligente, mas não funciona bem em todos os mercados", caracteriza Ulrich Kanz, diretor de projeto de mobilidade sustentável da BMW.
Em áreas afastadas dos grandes centros, é ainda mais difícil encontrar um "run flat" para comprar.
Isso vai contra o próprio conceito do pneu "run flat", que roda sem ar por cerca de 120 km a uma velocidade máxima de 80 km/h.
Hoje, exceto a linha esportiva M, todos os carros da BMW saem de fábrica com "run flat", inclusive a nova geração da Série 5. O veículo custa R$ 288 mil na versão 535i (motor 3.0 de seis cilindros em linha, turbo e que entrega 306 cv de potência) e R$ 395 mil na versão 550i (motor 4.4 V8, biturbo de 407 cv).

2ª GERAÇÃO
Outra crítica aos "run flat" é quanto à aspereza ao rodar. São duros e mais barulhentos. "A segunda geração de "run flat" está mais macia, mas ainda é mais rígida que os pneus convencionais", compara Marcelo Rodrigues, coordenador de marketing de produto para pneus de passeio da Goodyear.
Os fabricantes não recomendam trocar o pneu "run flat" pelo convencional, pois todos os ajustes de suspensão para homologação do veículo são definidos com pneus de flanco rígido.
Usar o pneu "normal" seria o equivalente a andar com o composto mais vazio, comprometendo a estabilidade e os desempenhos em aceleração, frenagem e curvas.


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