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Pneu "run flat" está com dias contados
Composto extra que roda mesmo furado é muito caro e raro nos estoques dos lojistas e das concessionárias
A segunda geração do "run flat" está mais flexível, mas ainda é rígida e ruidosa, o que incomoda o motorista
FABIANO SEVERO
DE SÃO PAULO
Os pneus "run flat" unem
o melhor de dois mundos:
podem rodar furados e ainda
liberam o espaço no porta-malas que seria do estepe.
Perfeito, se eles não fossem tão caros e difíceis de encontrar no mercado de reposição em muitos países.
Como o volume de carros
com "run flat" no Brasil é pequeno, os lojistas não investem no estoque desses
pneus. "Os revendedores que
têm o "run flat" aumentam o
preço pela falta de oferta",
afirma Renato Silva, gerente
de produto da Michelin.
Exemplo: um Michelin Pilot Sport 2 na medida 255/35
R18 custa R$ 1.500 (a unidade). Mas, se o pneu é "run
flat", sobe para cerca de R$
2.500 em lojas de São Paulo.
No Brasil, outro problema
são os buracos, destaca
Silva. "Mesmo com o flanco
rígido, os "run flat" são vulneráveis a pancadas fortes. Se o
pneu fizer uma bolha
no ombro, por exemplo, não
terá mais utilidade. Terá de
ser substituído."
A empresa francesa foi
uma das primeiras a apostar
nessa tecnologia, mas viu reduzir-se o mercado OEM
(equipamentos originais de
primeira montagem, em inglês). A BMW é uma das
montadoras que podem voltar a vender carros novos
com estepe em alguns anos.
"O pneu "run flat" é uma
solução muito inteligente,
mas não funciona bem em todos os mercados", caracteriza Ulrich Kanz, diretor de
projeto de mobilidade sustentável da BMW.
Em áreas afastadas dos
grandes centros, é ainda
mais difícil encontrar um
"run flat" para comprar.
Isso vai contra o próprio
conceito do pneu "run flat",
que roda sem ar por cerca de
120 km a uma velocidade máxima de 80 km/h.
Hoje, exceto a linha esportiva M, todos os carros da
BMW saem de fábrica com
"run flat", inclusive a nova
geração da Série 5. O veículo custa R$ 288 mil
na versão 535i (motor 3.0 de
seis cilindros em linha, turbo
e que entrega 306 cv de potência) e R$ 395 mil na versão
550i (motor 4.4 V8, biturbo
de 407 cv).
2ª GERAÇÃO
Outra crítica aos "run flat"
é quanto à aspereza ao rodar.
São duros e mais barulhentos. "A segunda geração de
"run flat" está mais macia,
mas ainda é mais rígida que
os pneus convencionais",
compara Marcelo Rodrigues,
coordenador de marketing
de produto para pneus de
passeio da Goodyear.
Os fabricantes não recomendam trocar o pneu "run
flat" pelo convencional, pois
todos os ajustes de suspensão para homologação do
veículo são definidos com
pneus de flanco rígido.
Usar o pneu "normal" seria o equivalente a andar com
o composto mais vazio, comprometendo a estabilidade e
os desempenhos em aceleração, frenagem e curvas.
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