Câmbio compromete desempenho e economia do compacto da Citroën, que custa a partir de R$ 50 mil

DA REPORTAGEM LOCAL

A Citroën bate no peito e grita aos quatro ventos que seu C3 reestilizado vem com câmbio Tiptronic, desenvolvido pela Porsche e usado pelo C4 Pallas.
É uma forma clara e inteligente de associar a marca francesa à alemã, que há muito faz esportivos de primeira linha.
Esse tiro de marketing, porém, pode sair pela culatra. O câmbio automático deixa o Citroën lento e "consumista", aponta o teste Folha-Mauá.
E mais: castra o motor 1.6 16V (110 cv com gasolina e 113 cv com álcool), que mostra bom desempenho quando trabalha com a caixa manual de cinco marchas.
Automático, o C3 oferece uma marcha a menos e deixa a rotação mais elevada do que, por exemplo, a do Honda Fit, equipado com transmissão CVT (continuamente variável).
Resultado: em trecho urbano, o hatch da Citroën percorre apenas 8,4 quilômetros com um litro de gasolina -média semelhante à do Chevrolet Vectra 2.4 automático, comprovadamente um ébrio sedã.
O pequeno Honda com câmbio CVT só bebe gasolina e crava 10,2 km/l na cidade.
A surpresa vem nas provas de aceleração. Com motor 1.6, o C3 Automatique vai a 100 km/ h em 14,69s, 1,2s mais lento que o Fit 1.4 e seus 80 cv.
A semelhança com o japonês está na facilidade de condução. Ambos têm posições de guiar mais elevadas e usam sistemas elétricos de direção, mais leves que os hidráulicos comuns.
Também rivalizam em preço. Com ar-condicionado digital, trio elétrico, airbag duplo e freios ABS (antitravamento) de série, o C3 custa R$ 49.990, R$ 4.000 acima do C3 manual.
Hoje o Fit 1.4 CVT sai por R$ 50.375. Mas vale a pena aguardar o Salão de São Paulo, que começa no próximo dia 30. A Honda irá apresentar o novo Fit, remodelado e com motor 1.4 Flex de até 105 cv -o 1.5 terá 120 cv. Aí a luta ficará ainda mais difícil para o pequeno C3.
(FABIANO SEVERO)