São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2011

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Inquérito nos EUA inocenta a Toyota

Departamento de Segurança Viária não encontrou falha eletrônica capaz de provocar aceleração involuntária

Laudo afirma que houve problemas mecânicos e no tapete, que travam o acelerador; Toyota fez recall de 11 milhões

DO "NEW YORK TIMES"

Depois de uma longa análise do sistema de controle do motor da Toyota, investigadores do governo dos EUA não encontraram provas de que os carros pudessem ter tido aceleração involuntária por problemas eletrônicos.
A NHTSA (Administração Nacional de Segurança Viária, em inglês) concluiu que os casos de acelerações foram causados por problemas mecânicos (pedais de acelerador presos) e interferência de tapetes de borracha.
"O júri concluiu que não houve causa eletrônica para a aceleração involuntária dos Toyota. Ponto final", disse o secretário dos Transportes dos EUA, Ray LaHood.
O engenheiro do Centro de Engenharia e Segurança da Nasa, Michael Kirsch, que auxiliou na investigação, explica que, para entrar em pane, o sistema eletrônico de controle da aceleração precisa ter falha simultânea em dois sensores, que controlam a abertura das borboletas de acordo com a pressão no acelerador (não há cabos).
"Houve poucas falhas e em apenas um dos sensores." Os engenheiros da Nasa tiveram pleno acesso ao sistema, analisaram 280 mil linhas de códigos e não encontraram defeitos, chegando a mesma conclusão do relatório inicial da NHTSA.
O estudo encontrou só um caso em que o pedal tenha ficado preso sob o tapete e nenhum em que o acelerador tenha recuado lentamente.
LaHood acusa o Congresso de ter pedido a investigação sem entender do assunto.

GUARDA BAIXA
O secretário, porém, baixou o tom das críticas à Toyota. No auge da crise do recall, chegou a dizer que os motoristas deviam devolver os carros. Agora, elogia a montadora por criar um centro de segurança de US$ 50 milhões em Michigan.
O resultado, depois de dez meses de investigação, chega tarde para a Toyota.
A montadora convocou um recall mundial de 11 milhões de veículos (incluindo a marca Lexus) e pagou três multas, no total de US$ 48,8 milhões. Tudo porque, segundo a NHTSA, a montadora demorou para tomar providências concretas. Em declaração, Steve St.
Angelo, vice-presidente de qualidade da Toyota nos EUA, afirmou que a Toyota espera que o resultado ponha fim às dúvidas quanto à confiabilidade de seus carros. As ações da Toyota subiram 4% na semana passada. Só que os recalls já haviam abalado a reputação da Toyota, inclusive no Brasil.
Em abril de 2010, a Toyota afirmou em nota que os modelos Corolla (nacional) e Camry (importado) estavam fora do recall mundial, pois não apresentavam o problema de aceleração involuntária (o fabricante do sistema de aceleração era diferente).
Mesmo assim, o Ministério Público de Minas Gerais chegou a proibir a venda de Corolla no Estado e a forçar um recall. Em maio, a Toyota convocou proprietários para a troca de tapetes do Corolla.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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