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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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COMPARATIVO

País envia conceito para a América Latina; confira duelo entre Fiat Palio Adventure e Volkswagen Parati Crossover

Brasil vira exportador de pseudo-"off-road"

Fernando Moraes/Folha Imagem
A Parati (à esq.) e a Palio (à dir.) têm suspensão elevada e detalhes que as diferenciam de suas versões tradicionais


JOSÉ AUGUSTO AMORIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Estribo, quebra-mato, suspensão elevada, estepe na tampa do porta-malas. Cada vez mais essas características de veículos fora-de-estrada se misturam com motor 1.0, carroceria de multivan e tração 4x2. Na verdade, não passam de maquiagem em carros "normais", como Fiat Palio Weekend e Volkswagen Parati.
A pioneira na linha "cordeiro em pele de lobo" foi a Fiat, que começou com a perua do Palio em 1999 e lançou a Strada Adventure dois anos depois. É um fenômeno que nasceu no Brasil na metade da década de 90 -na Europa, a Renault faz a Scénic RX4, e a Audi produz a Allroad, uma A6 Avant com tração 4x4. A exclusividade nacional, no entanto, parece estar com seus dias contatos.
O EcoSport saiu das pranchetas baianas da Ford e será exportado para outros países da América Latina, em especial Argentina, Chile e Venezuela. A família Adventure começa a ser vendida no México no segundo semestre, e as negociações estão avançadas com diversos países, inclusive europeus.
Segundo Carlos Henrique Ferreira, 35, assessor técnico da Fiat, a Palio Adventure nasceu para aliar robustez -incluindo suspensão mais alta, pneus de uso misto e estribos- com espaço interno e área para bagagem. "A tração 4x4 encarece demais o carro, e poucos motoristas a usam."

Desejo
Na época do lançamento, uma pesquisa revelou que 82% dos donos de utilitários esportivos nunca tinham usado o dispositivo. Basta ver os EUA, dominados pelos SUVs (Sport Utility Vehicle).
"No mercado, há muita imagem projetada. O consumidor compra porque aquele carro passa a idéia de ligação com a natureza", explica Paulo Sérgio Kakinoff, diretor de marketing da Volkswagen.
Esse desejo de ter um carro para o "off-road", com tração nas quatro rodas, começou a surgir no Brasil com a abertura das importações -do rústico Lada Niva à sofisticação do Jeep Grand Cherokee. O problema é que os utilitários disponíveis hoje são muito caros, o que inviabiliza a concretização do sonho de consumo.
É nesse vácuo que a Ford aposta para emplacar o EcoSport. "Mesmo 4x2, ele tem pneus, suspensão e rigidez que lhe permitem passar por estradas de terra pelas quais um carro normal não consegue passar", diz Natan Vieira, gerente de produto da empresa.
Mesmo assim, ele promete que até dezembro o jipinho terá tração nas quatro rodas. "Pesquisas mostram que só 15% dos donos de 4x4 efetivamente a acionam."
E se o cliente duvidar de que um carro de 1.200 quilos com motorização 1.0 possa fazer tudo isso? "Ele tem três cavalos a menos que o 1.6 [95 cv ante 98 cv]. Fomos os primeiros a ter coragem de tentar colocar um motor de um litro em um utilitário esportivo."

Sucesso
A trilha aberta pela Fiat despertou a inveja da concorrência. Hoje a Palio Adventure responde por 40% das vendas da perua, enquanto a Strada Adventure fica com 35%. Eram os únicos modelos com esse apelo até que, em setembro, a VW lançou a Saveiro Super Surf -série limitada que já está na segunda edição- e, no mês seguinte, a Parati Crossover.
Além disso, até o final do ano chega a Doblò Adventure 1.8, e a Volkswagen diz que vai adaptar o conceito a outros modelos, sem dizer exatamente quais são.
As duas montadoras, porém, apostam em estilos diferentes. Enquanto a Fiat usa quebra-matos e estribos, a VW aposta em cromados. Mas quem viu a Parati no Salão de São Paulo percebe que ela chegou às revendas sem o retrovisor cromado, e sim pintado na cor do veículo. A família Palio tem aspecto mais rústico, com bastante plástico aparente.
A Folha apresenta, nesta edição, o teste comparativo entre as peruas Fiat Palio Adventure 1.8 e Volkswagen Parati Crossover 2.0.
A primeira está com novo motor, e a segunda chegou às lojas no início do ano. As duas passaram por medições realizadas pelo IMT (Instituto Mauá de Tecnologia).


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