São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2006

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Peças & acessórios

Em 6 meses, engates devem ser conferidos

Todas as peças devem ser inspecionadas pelo Inmetro em 2007; não cumprir regras dará multa de R$ 127,69

ROSANGELA DE MOURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A polêmica do engate fixo continua. Daqui a seis meses, todos deverão passar por uma inspeção, mesmo que o acessório já tenha sido instalado sob a resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) divulgada no dia 25 de julho.
O Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) -que deve dar um selo aos engates- tem 180 dias para regulamentar as fábricas e para inspecionar os itens já instalados.
"Todo motorista vai ter de ir a um local credenciado para fazer a inspeção do equipamento", explica Gustavo Kuster, gerente de avaliação da conformidade do órgão. É provável que a inspeção seja paga.
Caso o motorista atenda as regras que o Inmetro ainda vai estabelecer, receberá um selo e poderá continuar com o engate. No caso de desacordo, terá um prazo para se adequar ou retirar a peça. Quem circular irregularmente cometerá infração grave (multa de R$ 127,69).
Eduardo Grassiotto, gerente de qualidade e pós-venda da Citroën, diz que as montadoras têm um ano para adequar o manual do proprietário, que deverá informar a capacidade de tração do carro e se ele poderá receber a peça. Se sim, terá de indicar o local de fixação.

Desproteção
"O engate elimina a função do pára-choque, criando um ponto de impacto anterior a ele. A energia é transferida diretamente para os pontos de fixação na carroceria do carro", explana Grassiotto.
Arnaldo Marques, engenheiro da SAE (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), acrescenta que o modismo do engate contraria a norma veicular de segurança do passageiro, pois o veículo deve absorver o choque e proteger os ocupantes.
"Num impacto, são prejudicados quem bate e quem recebe a batida. Os carros de passeio não foram feitos para rebocar."
Para o professor do Centro Universitário da FEI Ricardo Bock, os danos causados pelos engates dependem da batida. Nos pequenos acidentes, ele amassa a placa dianteira do outro veículo. Nos mais graves, o pára-choque perde sua função de absorver o impacto.
Se alguém bate num carro com engate a 40 km/h, é alta a possibilidade de perda total. O gasto para arrumar o chassi ou a longarina chega a ser maior que 75% do valor do veículo.
Para Silvio Camelo, sócio da fábrica de engates Newtrack, a maioria dos fabricantes está longe de seguir a lei. Engenheiros precisarão se responsabilizar pelos engates, mas hoje 90% das empresas não têm como atender os pré-requisitos.
"Como engenheiro, sou a favor de que fiquem só os engates removíveis, mas, como empresário, não. Nossas estatísticas mostram que só 5% das vendas são para quem reboca mesmo."
Segundo Camelo, a grande maioria compra por falsa proteção ou por beleza. Ele também diz que a diferença de preço é significante. O engate fixo custa, em média, R$ 200. O removível sai por R$ 450.


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