São Paulo, domingo, 13 de setembro de 2009

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Candidato a celebridade

Mescla de vários segmentos, coreano Kia Soul chama a atenção no trânsito, mas motor 1.6 16V não empolga

FELIPE NÓBREGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Antes que se rotulasse o Soul como um veículo esquisito fadado ao fracasso, a Kia logo assumiu que a excentricidade do carro-caixote é justamente sua principal virtude.
A montadora nem teve vergonha de dizer que, por isso, ele não se encaixaria em nenhum nicho do mercado.
O Soul realmente está longe das formas de um hatch, não se comporta como minivan nem tem aptidão para jipe. Mas, pelo menos, posa de celebridade.
E é difícil alguém encará-lo na rua sem tecer comentários. O mais antagônico veio de um professor de sociologia aposentado: "Esse é daqueles carros feios, mas bonitinhos, sabe?"
Pelo menos no estacionamento de um shopping paulistano, bastaram 40 minutos para que os vidros laterais do modelo de teste ficassem carimbados pela testa de curiosos à procura de mais surpresas.
Por dentro, o Soul é quase um Nissan Tiida psicodélico. A parte interna do porta-luvas é vermelha, o painel central é do tipo flutuante e os bancos têm bordas que brilham no escuro.

No meio do caminho
Se o áudio do toca-CDs ajudasse, os cinco ocupantes até poderiam se imaginar em uma boate. Pior, só a versão americana, cujos alto-falantes piscam no ritmo da música.
Lá ou cá, não dá para levantar os braços como na cabine do Fiat Doblò. Apesar de alto (1,61 m), o Kia privilegia o espaço para as pernas de quem vai atrás.
Por R$ 51.490, o Soul 1.6 16v (124 cv) não oferece muito mais luxo e desempenho do que um Ford EcoSport com motorização equivalente.
Já na versão topo de linha, equipada com câmbio automático, o coreano passa a custar R$ 64,9 mil e inova com uma câmera de vídeo para auxiliar manobras de marcha a ré.
O problema é que as imagens reproduzidas no canto do retrovisor central parecem capturadas de um olho mágico. Pelo menos as belas rodas aro 18 vêm de brinde.
O airbag duplo e os freios ABS também estão ali, mas o modelo de 1.287 kg carece de um par de freios a disco adicional na traseira. No teste Folha-Mauá, o Soul vindo a 80 km/h precisou de 39,1 m para estacionar completamente -quase três metros além do que o Honda Fit, por exemplo.
Ainda comparando com o monovolume, o "carro design" da Kia leva desvantagem por não ser "flex". Algo que deve mudar no próximo ano, promete a engenharia da marca.
Resta saber se até lá as linhas extravagantes do Soul ainda vão estar na moda. Pelo menos o primeiro lote de importação do carro, de 700 unidades, foi vendido em apenas 15 dias, a metade do tempo previsto.


A Kia cedeu o Soul para teste

INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA
www.maua.br
0/xx/11/4239-3092


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