São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2008

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Teste Folha-Mauá

Brilho ofuscado

Com 10 cv a mais, novo Fit 1.5 Flex automático perde desempenho; R$ 5.500 mais caro, passa valor de Civic

JOSÉ AUGUSTO AMORIM
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS

Em julho, Sho Minekawa, presidente da Honda, reconheceu à Folha saber que o brasileiro reclamava da não-existência do Fit com motor 1.5 bicombustível. A nova geração do monovolume resolveu esse problema, mas o consumidor pode continuar insatisfeito.
Além de o carro ter ficado R$ 5.500 mais caro, o desempenho piorou. Segundo o teste Folha-Mauá, o Fit -que trocou o câmbio continuamente variável pela caixa automática tradicional- ficou 1,92s mais lento na aceleração até 100 km/h. Na retomada entre 60 km/h e 120 km/h, exigiu 2,52s a mais.
A piora também aparece no consumo de gasolina na cidade, sempre um mérito do Fit. Ele passou de 12,5 km/l para 10,3 km/l -com álcool, registrou 7,4 km/l, média bastante comum com esse combustível.
A melhora veio só na estrada, onde o Fit rodou 500 m a mais com um litro de gasolina -a outra evolução foi os 20 cm a menos na frenagem a 40 km/h.
Tudo isso ocorreu com um motor 1.5 10 cv (cavalos) mais potente e com 0,6 kgfm a mais de torque (força). As maiores alterações, porém, foram feitas no motor 1.4, agora 16 válvulas e com 100 cv -eram 80 cv.
Questionada sobre a queda de desempenho, a Honda justifica que, além de ser um veículo maior, o novo Fit enfrentou duas condições adversas.
Enquanto o anterior passou pelos testes com quase 20 mil quilômetros, o novo não tinha rodado nem 2.000 quilômetros. Segundo a fábrica, a diferença de 1,5C na temperatura ambiente interferiu no desempenho por afetar a quantidade de ar admitida no motor.
De qualquer forma, o Fit é um carro completamente novo -e ser novidade é sempre um importante argumento de venda. Lançado inicialmente em 2003, o monovolume cresceu 7 cm, o que reflete um entreeixos 5 cm maior. Assim, o Honda melhorou uma de suas maiores qualidades: o espaço interno.

Rivais novos
O sistema ULT, que permite que os bancos sejam dobrados de forma a criar uma superfície plana, foi aperfeiçoado. Agora, o encosto de cabeça do banco traseiro é escamoteável, ou seja, não é preciso mexer no dianteiro para rebatê-lo.
O ULT está em qualquer Fit, assim como o airbag duplo -o anterior, em sua versão mais simples, só tinha bolsa para o motorista. O Fit mais barato, com motor 1.4 e câmbio manual, sai por R$ 52.340. Na nova versão EXL -o "L" é de "leather", couro em inglês-, o preço chega a R$ 69.750.
Então eis que surge mais uma incoerência do novo Fit: ele pode ser mais caro que o Civic. Maior e com motor 1.8, o sedã parte de R$ 65.460.
A concorrência também oferece carros mais "encorpados" por menos. Pelo Corolla, a Toyota pede a partir de R$ 61.975. Para quem acha que sedã nenhum vai roubar vendas do Fit, há a ameaça do Nissan Tiida. Com motor 1.8 de 124 cv, ele está em promoção por R$ 54.290.
Fugindo dos japoneses, a Ford acaba de lançar o EcoSport 2.0 Flex por R$ 58,9 mil. Pelo visto, a vida do Fit não vai ser tão mansa quanto era.


O carro foi cedido para teste pela montadora

INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA
www.maua.br
0/xx/11/4239-3092


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