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Cem anos de solidão
A britânica Morgan chega ao centenário como a única do mundo a manter o design da década de 40
DO ENVIADO ESPECIAL A GENEBRA
O Morgan é o tipo de carro
que já nasce velho. Daqueles
que você pode comprar sem
medo de perder fortunas na hora da revenda. Também não
corre o risco de ver a roda original ser trocada por uma de
Chevette ou de Fiat 147.
Tudo no Morgan é exclusivo
e tradicional. Uns dizem que
HFS Morgan, o fundador, definiu com maestria a essência do
Reino Unido num automóvel:
por fora, parece antigo; por
dentro, é atual e até revolucionário. Isso vale para pessoas,
casas e, claro, carros britânicos.
Talvez seja a explicação para
a marca centenária ser a única
do mundo a acreditar realmente no design retrô, sem variações, como no PT Cruiser, nem
cópias, como no Fiat 500.
"Desde a década de 40, não
mudamos muito o design. E
nem iremos", diz Jayne Dobson, coordenadora de marketing da Morgan, em entrevista
exclusiva à Folha, no Salão de
Genebra, que termina hoje.
Para ela, o Morgan, por ser
retrô, não sai de moda. "Nossos
carros de dez anos atrás parecem zero-quilômetro, o que
evita a desvalorização", explica
Dobson, que diz ver o Aeromax
como o futuro "da gama mais
tradicional de carros".
Seu preço, porém, não permite que ele seja o mais vendido dos 650 carros produzidos
pela fábrica de Malvern (Inglaterra) todos os anos.
Esse posto é do 4/4 Sport,
cujo nome nada tem a ver com
a tração nas quatro rodas. Ele
custa, na Inglaterra, cerca de
23 mil libras (R$ 75 mil).
O Aeromax abusa do preço:
vai a 120 mil libras (R$ 390
mil). Dá para comprar um
Porsche 911 Turbo e sobrar um
"trocado" para faturar um carro comum, tipo um Corolla.
Sem crise
Mesmo com o preço alto, há
uma fila de espera de até 18 meses para receber o Aeromax.
"Não sentimos o impacto da
crise. Os carros fabricados hoje
já estão faturados", diz Dobson.
Metade das vendas ficam no
Reino Unido. A outra metade é
dividida entre França, Bélgica,
Suíça, Alemanha e Itália.
Ainda há outros três Morgan:
o Roadster, o 4 Seater e o Aero
8, tido como o "vesgo inglês".
Culpa dos faróis instalados
nos para-lamas, que são virados
um para o outro e deixam os
"olhos" do carro estrábicos.
Com ou sem tapa-olho, ele
vai participar da festa do centenário em abril, julho, agosto e
outubro deste ano no castelo de
Berkeley, no museu do automóvel de Beaulieu e no autódromo de Castle Combe.
Talvez apareça no Brasil. "Se
um grupo quiser representar a
marca, exportaremos para o
país", diz Dobson. "Mas teremos de colocar ar-condicionado", brinca.
(FABIANO SEVERO)
O jornalista viajou a convite da Mercedes-Benz
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