São Paulo, domingo, 15 de março de 2009

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Cem anos de solidão

A britânica Morgan chega ao centenário como a única do mundo a manter o design da década de 40

DO ENVIADO ESPECIAL A GENEBRA

O Morgan é o tipo de carro que já nasce velho. Daqueles que você pode comprar sem medo de perder fortunas na hora da revenda. Também não corre o risco de ver a roda original ser trocada por uma de Chevette ou de Fiat 147.
Tudo no Morgan é exclusivo e tradicional. Uns dizem que HFS Morgan, o fundador, definiu com maestria a essência do Reino Unido num automóvel: por fora, parece antigo; por dentro, é atual e até revolucionário. Isso vale para pessoas, casas e, claro, carros britânicos.
Talvez seja a explicação para a marca centenária ser a única do mundo a acreditar realmente no design retrô, sem variações, como no PT Cruiser, nem cópias, como no Fiat 500.
"Desde a década de 40, não mudamos muito o design. E nem iremos", diz Jayne Dobson, coordenadora de marketing da Morgan, em entrevista exclusiva à Folha, no Salão de Genebra, que termina hoje.
Para ela, o Morgan, por ser retrô, não sai de moda. "Nossos carros de dez anos atrás parecem zero-quilômetro, o que evita a desvalorização", explica Dobson, que diz ver o Aeromax como o futuro "da gama mais tradicional de carros".
Seu preço, porém, não permite que ele seja o mais vendido dos 650 carros produzidos pela fábrica de Malvern (Inglaterra) todos os anos.
Esse posto é do 4/4 Sport, cujo nome nada tem a ver com a tração nas quatro rodas. Ele custa, na Inglaterra, cerca de 23 mil libras (R$ 75 mil).
O Aeromax abusa do preço: vai a 120 mil libras (R$ 390 mil). Dá para comprar um Porsche 911 Turbo e sobrar um "trocado" para faturar um carro comum, tipo um Corolla.

Sem crise
Mesmo com o preço alto, há uma fila de espera de até 18 meses para receber o Aeromax. "Não sentimos o impacto da crise. Os carros fabricados hoje já estão faturados", diz Dobson.
Metade das vendas ficam no Reino Unido. A outra metade é dividida entre França, Bélgica, Suíça, Alemanha e Itália.
Ainda há outros três Morgan: o Roadster, o 4 Seater e o Aero 8, tido como o "vesgo inglês".
Culpa dos faróis instalados nos para-lamas, que são virados um para o outro e deixam os "olhos" do carro estrábicos.
Com ou sem tapa-olho, ele vai participar da festa do centenário em abril, julho, agosto e outubro deste ano no castelo de Berkeley, no museu do automóvel de Beaulieu e no autódromo de Castle Combe.
Talvez apareça no Brasil. "Se um grupo quiser representar a marca, exportaremos para o país", diz Dobson. "Mas teremos de colocar ar-condicionado", brinca. (FABIANO SEVERO)



O jornalista viajou a convite da Mercedes-Benz



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