|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
No porto, SpaceFox deixa cliente a ver navios
Com peruas presas em Paranaguá, VW não tem carro para entregar
JOSÉ AUGUSTO AMORIM
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS
Até parece olho gordo da
concorrência, mas o fato é que a
Volkswagen SpaceFox nem
conseguiu chegar às revendas.
Greves alternadas dos funcionários do porto de Paranaguá
(PR) e da Receita Federal fazem com que, hoje, haja mil peruas esperando a liberdade.
Lançado em abril, o veículo
produzido em General Pacheco
(Argentina) teve apenas 2.076
unidades emplacadas até o fim
de junho. Em seu país de origem, o modelo já está para ultrapassar a Parati. Como comparação, ganharam as ruas brasileiras 7.189 Honda Civic em
maio e no mês passado.
O engenheiro Gilberto Moufarrege, 34, fechou negócio em
20 de maio, mas, até agora, não
recebeu sua SpaceFox. "Virou
um pingue-pongue. A revenda
joga para a fábrica, que volta
para a loja." E, como havia deixado seu VW Golf como parte
do pagamento, está a pé.
A solução foi formalizar a
queixa no Procon-SP (Fundação de Proteção e Defesa do
Consumidor). "Já estou pagando o seguro desde o dia do faturamento [14 de junho], e a
Volkswagen vai ter de me
reembolsar R$ 4,79 a cada dia
que eu ficar sem o carro."
Segundo Paulo Sérgio Kakinoff, diretor de Marketing e
Vendas da Volkswagen, os lojistas estão passando aos clientes
a real situação. "Falamos a verdade. "Queima" a marca, "queima" a concessionária, mas não
podemos fazer nada", lamenta.
Teria sido melhor fazer o carro no Brasil? "Não podemos depender disso. Do mesmo jeito
que um produto não consegue
entrar, ele não consegue sair."
Loteria
Kakinoff lembra que, se não
bastasse ter o carro preso no
porto, o cliente ainda corre o
risco de ver alguém que tenha
comprado uma SpaceFox depois receber o carro antes.
Toda importação deve passar
por um sorteio para definir em
qual "canal" será feita a conferência pela Receita Federal. No
verde, não há checagem; no
amarelo, é checada a documentação. Há também o "canal"
vermelho, com conferência de
mercadoria e documentos.
Ou seja, se uma SpaceFox
comprada em maio cair no "canal" vermelho, ela demorará,
em média, 40 dias para chegar à
revenda. Mas alguém pode ter
comprado o carro 20 dias depois, e ele ter passado direto pelo "canal" verde, o que fará com
que o motorista consiga sua perua zero-quilômetro antes.
Texto Anterior: Cor da placa indica o uso dos veículos Próximo Texto: Mercedes-Benz lança série especial do SLR com 650 cv Índice
|