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Crédito futuro
Com vendas em baixa, montadoras ofertam juros para compensar restrição à aprovação de crédito
FELIPE NÓBREGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O crédito é a torneira que rega o mercado automobilístico.
Enquanto estava aberta, a indústria batia recordes. Mas, em
outubro, com a crise econômica se espalhando pelo mundo,
os bancos endureceram.
Com a restrição à aprovação
de financiamento, as vendas de
carros e comerciais leves, além
de não seguirem o crescimento
de 27% nos nove primeiros meses do ano em comparação com
os de 2007, caíram 11,5% entre
setembro e outubro.
"O importante é que o mercado está reagindo", vê Maurício Maioli, gerente da Fiat Itavema, que já computa crescimento de 7% em relação à primeira quinzena de outubro.
"Montadoras e concessionárias diminuíram suas margens
para compensar a elevação das
taxas de juros, que subiram de
1,6% para 1,9%, nos planos de
60 meses", exemplifica.
Essa redução de margens ganhou ajuda oficial. O Banco do
Brasil e a Nossa Caixa disponibilizaram, cada um, R$ 4 bilhões para os bancos das montadoras. Para consumidores,
oferecem outras linhas.
O representante Marcelo
Nunes, 36, saiu com um Fiat
Palio de um feirão. "Não esperava encontrar condições tão
boas. Apesar da taxa de 1,4%
para parcelar em 48 meses, tive
um desconto de R$ 4.000."
Para Cláudio Torres, diretor
de vendas da General Motors,
este é o momento para comprar. "A maioria dos novos tem
preço promocional [de 3% a
9%], e há pronta entrega."
Montadoras como a Honda e
a Renault oferecem juro zero,
mas é preciso ter em mente que
todo financiamento tem taxas
administrativas e impostos.
Por isso o carro sai mais caro.
Aprovação criteriosa
Depois de ensaiar por seis
meses a compra de uma Chevrolet Meriva, o empresário Jeferson Stachi, 33, aproveitou o
bônus de 6% e levou a minivan
à vista por R$ 48,5 mil.
Pagar de uma única vez pode
ser a saída para alguns. As financeiras, temerosas da inadimplência, passaram a exigir
entrada mínima de 20% e limitaram os prazos a 60 meses.
A analista de sistema Luciana Trevisani, 30, não se importou com a taxa de 1,99% e financiou um Chevrolet Corsa em 60
vezes sem entrada. "A prestação [R$ 880] coube no bolso."
Já o bancário Luis Fidelis, 28,
adiou a compra. "Pagariam R$
12 mil pelo meu usado, de R$ 20
mil." Walter Maturi, dono da
loja FortCar, viu o preço dos seminovos cair até 25%. "Procura
tem. Falta aprovarem crédito."
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