São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2008

Próximo Texto | Índice

Crédito futuro

Com vendas em baixa, montadoras ofertam juros para compensar restrição à aprovação de crédito

FELIPE NÓBREGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O crédito é a torneira que rega o mercado automobilístico. Enquanto estava aberta, a indústria batia recordes. Mas, em outubro, com a crise econômica se espalhando pelo mundo, os bancos endureceram.
Com a restrição à aprovação de financiamento, as vendas de carros e comerciais leves, além de não seguirem o crescimento de 27% nos nove primeiros meses do ano em comparação com os de 2007, caíram 11,5% entre setembro e outubro.
"O importante é que o mercado está reagindo", vê Maurício Maioli, gerente da Fiat Itavema, que já computa crescimento de 7% em relação à primeira quinzena de outubro.
"Montadoras e concessionárias diminuíram suas margens para compensar a elevação das taxas de juros, que subiram de 1,6% para 1,9%, nos planos de 60 meses", exemplifica.
Essa redução de margens ganhou ajuda oficial. O Banco do Brasil e a Nossa Caixa disponibilizaram, cada um, R$ 4 bilhões para os bancos das montadoras. Para consumidores, oferecem outras linhas.
O representante Marcelo Nunes, 36, saiu com um Fiat Palio de um feirão. "Não esperava encontrar condições tão boas. Apesar da taxa de 1,4% para parcelar em 48 meses, tive um desconto de R$ 4.000."
Para Cláudio Torres, diretor de vendas da General Motors, este é o momento para comprar. "A maioria dos novos tem preço promocional [de 3% a 9%], e há pronta entrega."
Montadoras como a Honda e a Renault oferecem juro zero, mas é preciso ter em mente que todo financiamento tem taxas administrativas e impostos. Por isso o carro sai mais caro.

Aprovação criteriosa
Depois de ensaiar por seis meses a compra de uma Chevrolet Meriva, o empresário Jeferson Stachi, 33, aproveitou o bônus de 6% e levou a minivan à vista por R$ 48,5 mil.
Pagar de uma única vez pode ser a saída para alguns. As financeiras, temerosas da inadimplência, passaram a exigir entrada mínima de 20% e limitaram os prazos a 60 meses.
A analista de sistema Luciana Trevisani, 30, não se importou com a taxa de 1,99% e financiou um Chevrolet Corsa em 60 vezes sem entrada. "A prestação [R$ 880] coube no bolso."
Já o bancário Luis Fidelis, 28, adiou a compra. "Pagariam R$ 12 mil pelo meu usado, de R$ 20 mil." Walter Maturi, dono da loja FortCar, viu o preço dos seminovos cair até 25%. "Procura tem. Falta aprovarem crédito."


Próximo Texto: Crédito futuro: Exigência de entrada reduz vendas de motos pequenas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.