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CRÉDITO FUTURO
Exigência de entrada reduz vendas de motos pequenas
Alexia Santi/Folha Imagem
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Empregado de revenda Suzuki tira cartaz sobre parcelamento |
Retração total é de 35% entre setembro e outubro, mas grandes crescem
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Enquanto reclamava de que
as vendas de sua revenda de
motos da AME Amazonas caiu
pela metade desde o início da
crise, Cezar Augusto Guedes
substituía a placa promocional
do "scooter" de 125 cm3.
Aquela que anunciava a moto "de R$ 6.990 por R$ 6.490"
ia para o lixo. Uma outra, com o
novo preço de "R$ 5.990 à vista", era colada com fita adesiva.
"Estou mudando a estratégia
para poder sobreviver em meio
a esta crise", conta Guedes.
Entre as ações, o empresário
aumentou o investimento em
publicidade e diminuiu os preços. "Com a dificuldade de
aprovação de crédito pelas financeiras, preciso focar aquele
cliente que compra à vista."
Com dinheiro na mão, o manobrista Fernando de Oliveira,
29, diz ter feito bom negócio.
"Consegui um desconto de R$
360 na Honda CG 150 Titan."
Mesma moeda
Dados da Abraciclo (associação brasileira dos fabricantes
de motos) apontam recuo de
35% nas vendas em outubro.
Roberto Esperancini, da Diamar Yamaha, viu a queda se
concentrar nas motos de baixa
cilindrada. "As financeiras exigirem entrada [20%] afugentou
o consumidor mais humilde."
O aumento do valor das prestações é outro agravante, apontam concessionários. O juro para financiamento em 48 meses
saltou de 1,8% para 2,9%.
A parcela da Suzuki Yes 125,
que era de R$ 196 há poucas semanas, agora é de R$ 215,93, informa a revenda Del Nero.
A loja recebeu também uma
nova tabela para os quadriciclos. "Os preços 6,5% menores
servem para compensar a diminuição do prazo de financiamento [de 36 para 24 meses]",
aponta o gerente administrativo da loja, Humberto Del Nero.
Na contramão da crise, a
Harley-Davidson, cujas motos
custam entre R$ 28 mil e
R$ 124,9 mil, contabilizou 567
unidades comercializadas em
outubro, montante 9,5% maior
que o de setembro.
"A empresa vai manter os
preços indexados ao dólar de
R$ 1,55 enquanto durarem os
estoques, que devem perdurar
até o final do ano", calcula o importador, Paulo Izzo.
A Honda também assistiu ao
crescimento das vendas da
Shadow 750, um de seus modelos mais caros à venda no país,
por R$ 29.980. O número de
unidades comercializadas passou de 291 para 306.
"O mercado de veículos "premium" é menos sensível ao momento que a economia atravessa", diz Moacyr Alberto Paes,
diretor-executivo da Abraciclo.
Para Roberto de Abreu, gerente da Akira Honda, "quando
esse cliente não compra à vista,
ele consegue crédito com taxas
menores".
(FN)
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