São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2008

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CRÉDITO FUTURO

Exigência de entrada reduz vendas de motos pequenas

Alexia Santi/Folha Imagem
Empregado de revenda Suzuki tira cartaz sobre parcelamento


Retração total é de 35% entre setembro e outubro, mas grandes crescem

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Enquanto reclamava de que as vendas de sua revenda de motos da AME Amazonas caiu pela metade desde o início da crise, Cezar Augusto Guedes substituía a placa promocional do "scooter" de 125 cm3.
Aquela que anunciava a moto "de R$ 6.990 por R$ 6.490" ia para o lixo. Uma outra, com o novo preço de "R$ 5.990 à vista", era colada com fita adesiva.
"Estou mudando a estratégia para poder sobreviver em meio a esta crise", conta Guedes.
Entre as ações, o empresário aumentou o investimento em publicidade e diminuiu os preços. "Com a dificuldade de aprovação de crédito pelas financeiras, preciso focar aquele cliente que compra à vista."
Com dinheiro na mão, o manobrista Fernando de Oliveira, 29, diz ter feito bom negócio. "Consegui um desconto de R$ 360 na Honda CG 150 Titan."

Mesma moeda
Dados da Abraciclo (associação brasileira dos fabricantes de motos) apontam recuo de 35% nas vendas em outubro.
Roberto Esperancini, da Diamar Yamaha, viu a queda se concentrar nas motos de baixa cilindrada. "As financeiras exigirem entrada [20%] afugentou o consumidor mais humilde."
O aumento do valor das prestações é outro agravante, apontam concessionários. O juro para financiamento em 48 meses saltou de 1,8% para 2,9%.
A parcela da Suzuki Yes 125, que era de R$ 196 há poucas semanas, agora é de R$ 215,93, informa a revenda Del Nero.
A loja recebeu também uma nova tabela para os quadriciclos. "Os preços 6,5% menores servem para compensar a diminuição do prazo de financiamento [de 36 para 24 meses]", aponta o gerente administrativo da loja, Humberto Del Nero.
Na contramão da crise, a Harley-Davidson, cujas motos custam entre R$ 28 mil e R$ 124,9 mil, contabilizou 567 unidades comercializadas em outubro, montante 9,5% maior que o de setembro.
"A empresa vai manter os preços indexados ao dólar de R$ 1,55 enquanto durarem os estoques, que devem perdurar até o final do ano", calcula o importador, Paulo Izzo.
A Honda também assistiu ao crescimento das vendas da Shadow 750, um de seus modelos mais caros à venda no país, por R$ 29.980. O número de unidades comercializadas passou de 291 para 306.
"O mercado de veículos "premium" é menos sensível ao momento que a economia atravessa", diz Moacyr Alberto Paes, diretor-executivo da Abraciclo.
Para Roberto de Abreu, gerente da Akira Honda, "quando esse cliente não compra à vista, ele consegue crédito com taxas menores". (FN)


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