São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONSUMIDOR

Concessionária Fiat deixa de entregar cerca de cem carros pagos; montadora diz que ela está inadimplente

Caso Metropolitana continua sem solução

FREE-LANCE PARA A FOLHA

E DA REPORTAGEM LOCAL

A concessionária Metropolitana e a Fiat Automóveis não chegam a um acordo para solucionar o caso de aproximadamente cem clientes que ficaram sem receber os automóveis pagos parcial ou totalmente há quase quatro meses.
Segundo a Fiat, não há previsão de quando o problema será solucionado. "Terá de ser estudado caso a caso. Por isso não há prazos. O ideal é que leve uma semana, no máximo", afirma Marco Antônio Lage, 36, diretor de Comunicação Social da Fiat.
A Metropolitana também não estabelece um prazo. "Se a Metropolitana conseguir vender seus ativos até o fim do ano, os consumidores serão ressarcidos. Do contrário, a Fiat terá de ajudar", afirma Adrien Gaston Boudeville, 25, advogado da revenda.
A montadora atribui os problemas a "mau gerenciamento" do concessionário, que o nega (leia texto ao lado). A Fiat sabe do problema há cerca de um mês.
Boudeville diz que, "por uma pendência comercial, a multinacional italiana nega-se a entregar carros, e, com isso, prejudica os consumidores e a nossa empresa". Ele não esclareceu, até a última quinta, quando esta edição foi concluída, qual é a "pendência".
Em nota fornecida à Folha, a montadora diz: "A concessionária não está recebendo carros por estar inadimplente junto à Fiat".
Segundo a fábrica, o cumprimento das transações é responsabilidade da revenda. "Ainda assim, a Fiat determinou às suas áreas competentes que sejam tomadas todas as medidas cabíveis para que a concessionária cumpra os compromissos assumidos com seus clientes", conclui a nota.
A administradora de empresas Francine Onoe Paes de Barros, 26, desembolsou R$ 19,8 mil por uma Palio Weekend, pela qual esperaria 13 dias. Mas isso ocorreu já há dois meses e meio.

Devoluções
A empresa chegou a ressarcir alguns consumidores, que pagaram até R$ 5.000. Mas houve quem não aceitasse o acordo, pois a Metropolitana estaria se recusando a pagar os valores corrigidos.
Segundo o Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor), o consumidor lesado tem direito à devolução do valor pago corrigido monetariamente e a receber uma declaração de cancelamento do contrato de financiamento, caso ele exista.
""No caso de a revenda sugerir o pagamento sem correção, o consumidor pode aceitar com ressalva e, depois, pleitear no juizado especial cível a diferença e eventuais perdas e danos", explica Maria Cecília Pallotta Rodrigues, técnica de produto do Procon.
Outra cliente que está à espera de soluções é a bancária Sonia Maria Grilo Militão e Silva, que comprou um Palio ELX 1.0 16V, no valor de R$ 21 mil no dia 1º de outubro. Pagou R$ 2.000 de sinal, seu carro antigo entrou na negociação, e o restante, R$ 8.000, foi financiado pela Finaustria.
""A concessionária continua empurrando o problema para a frente, a Fiat não se posiciona e também não atende os clientes."
Osmil Rubens de Souza Ferreira, 37, técnico em eletrônica, pagou à vista por um Mille Smart, que seria seu primeiro carro. ""Não tenho dinheiro para comprar outro carro e não sei quando essa situação será definida", diz.
O Procon afirma ainda que, de acordo com o código do consumidor, a Fiat é "solidariamente responsável". A montadora deixa à disposição o telefone 0800-991000. (ROSANGELA DE MOURA E GLENDA PEREIRA)


Texto Anterior: Coreana: Hyundai faz revisão gratuita até quarta
Próximo Texto: Sedã: Desempenho é esporte, e "traje", fino no C 320
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.