São Paulo, domingo, 18 de janeiro de 2009 |
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Detroit por um fio
Em tempos de crise, salão americano aponta para um futuro com carros elétricos
JOSÉ AUGUSTO AMORIM ENVIADO ESPECIAL A DETROIT Não é só a crise financeira por que passam as montadoras americanas que tem deixado os executivos elétricos. É a eletricidade, em seu sentido mais literal, que move a Chrysler, a General Motors e a Ford. O Salão de Detroit, que no ano passado apregoava um futuro movido a álcool, agora diz que os carros serão elétricos. O Chevrolet Volt, por exemplo, figura carimbada em salões, ganha vida quando a GM anuncia que a LG Chem será sua fornecedora de células de bateria. A previsão de estreia permanece para o fim de 2010. Novidade mesmo foi o Cadillac Converj. Com autonomia de 65 km -a média diária do motorista americano-, o cupê tem numa bateria sua fonte principal de energia, e ela pode ser recarregada em três horas. Quando sua carga está baixa, a energia passa a ser gerada por um motor bicombustível, permitindo que o motorista percorra uma distância maior. A eletricidade faz o Converj ter um torque (força) de 37,8 kgfm. A Chrysler só mostrou carros elétricos. Se o Jeep Wrangler e a Chrysler Town & Country já têm design conhecido, a surpresa fica com o Chrysler 200C e o Dodge Circuit. Além de mostrar as linhas dos futuros Chrysler, o 200C é tecnológico: por exemplo, um toque faz surgir um computador do porta-luvas. Já o Circuit apela para a esportividade, indo aos 100 km/h em menos de 5s, diz a Dodge. Isso graças a um motor da Lotus de 268 cv (cavalos) e de dimensões reduzidas. Plugado Já a Ford promete um veículo elétrico para o próximo ano e um carro pequeno para 2011. Em 2012, pretende lançar uma nova geração de híbridos, que serão plugados na tomada. Mas a Lincoln, sua divisão de luxo, vê um consumo ecologicamente correto com o C Concept. Seu motor 1.6 turbinado com injeção direta de combustível e 180 cv é bem menor do que os dos Lincoln tradicionais. Com o comprimento de um Ford Focus, o C Concept mede a metade de um Continental de 1961. Até a chinesa BYD entrou na moda elétrica. A minivan e6 pode ter quatro diferentes motores, chegando a 269 cv. Mas, como quem quer entrar nos EUA num passe de mágica, a BYD anuncia que, em dez minutos, é possível carregar metade de uma bateria ligada na tomada. Usar motor elétrico não é novidade para o Toyota Prius, que chega a Detroit em sua terceira geração com 160 mil unidades vendidas nos EUA -especialmente na Califórnia, em Nova York e em Washington. Quer chegar a 80 países em 2010. F-1 Com aerodinâmica melhorada, o Prius enfrentará o Honda Insight. Ele custará menos que os US$ 23.650 (R$ 55 mil) do Civic híbrido e usará um motor 1.3 a gasolina e um elétrico de 13 cv, que guarda a energia cinética de frenagens, como nos novos carros da Fórmula 1. Mas fica no ar a questão: será que Detroit não está errando de novo? Assim como os carros a álcool não decolaram nos EUA -poucos Estados têm postos com álcool-, os elétricos parecem mais sonho que realidade. Mark Fields, presidente da Ford Américas, prevê um "mercado muito pequeno": de 5.000 a 10 mil carros por ano. Mesmo com a crise, os EUA devem comprar, em 2009, 12,5 milhões de veículos -em 2008, foram 13,2 milhões, quatro vezes a produção do Brasil. O jornalista viajou a convite da Anfavea Próximo Texto: Detroit por um fio: Sem 7 montadoras, salão se rende aos carros europeus Índice |
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