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DETROIT POR UM FIO
Sem 7 montadoras, salão se rende aos carros europeus
Ford renova símbolos da indústria; europeias apostam em potência mesmo sem Ferrari
DO ENVIADO ESPECIAL A DETROIT
Nenhuma montadora produz um carro -conceito ou
real- da noite para o dia. Isso
significa que os veículos elétricos exibidos em Detroit apenas
preveem o futuro. A realidade
fica por conta do que as montadoras sempre fizeram.
A Ford, por exemplo, trouxe
repaginados dois mitos da indústria americana: o Taurus e o
Mustang Shelby GT500.
Lançado em 1986, o Taurus,
já 2010, aposta em tecnologia.
É equipado com alerta de ponto
cego e dispensa chave para
abrir as portas. Vem com um
motor V6 (seis cilindros em
"V") de 260 cv (cavalos).
Já o GT500 ficou mais potente, chegando aos 533 cv. O motor 5.4 V8, escondido sob um
capô de alumínio, gera um torque de 70,5 kgfm, quase oito vezes a força de um Fiat Mille.
Múltiplos cilindros em "V"
também foram a aposta da GM
no Cadillac SRX. Criado para o
lado pragmático e o emocional
do consumidor de luxo, o "crossover" oferece dois motores V6,
um 3.0 com injeção direta de
gasolina (260 cv) e outro 2.8
turbinado de 300 cv.
A carroceria que por tantos
anos foi sinônimo de sucesso
nos EUA também é encarnada
no Chevrolet Equinox. O jipinho tem um motor mais modesto (2.4 com quatro cilindros
e 182 cv), mas não deixa de oferecer um V6, que deve representar um terço das vendas.
Num salão, porém, ignorado
por Ferrari e Porsche -assim
como por Nissan, Land Rover,
Mitsubishi, Rolls-Royce e Suzuki-, foram as montadoras
alemães que fizeram a festa dos
amantes da velocidade.
Elas abocanharam 7% do
mercado americano em 2008 e
querem 10% no médio prazo
-no "premium", têm 43%.
A Mercedes-Benz roubou a
cena com o SLR Stirling Moss.
Sem para-brisa nem capota, ele
conta com 650 cv para levá-lo a
100 km/h em menos de 3,5s, informa a montadora. A velocidade é limitada a 350 km/h, contra a média alemã de 250 km/h.
A Audi atravessou o Atlântico com um R8 ainda mais potente. O motor 4.2 V8 de 420 cv
cede espaço para o 5.2 V10 emprestado da Lamborghini
-ambas são da VW. Gera 525
cv e leva 3,9s até 100 km/h.
Abaixo de zero
A Audi trouxe o protótipo
Sportback para revelar o futuro
A7. Seguindo a moda dos "cupês de quatro portas", tem 4,95
m de comprimento e apenas
1,40 m de altura. O motor tenta
quebrar o paradigma de que
diesel não vende nos EUA. Seu
3.0 consome 16,9 km/l.
O frio abaixo de 10C negativos não foi obstáculo para a
BMW revelar o novo Z4, seu
primeiro conversível com capota rígida. Há três motores
com seis cilindros em linha cada um, indo de 204 cv a 306 cv.
Outras marcas europeias
veem na potência a saída para
recuperar as vendas. O XFR,
por exemplo, usa o mais potente motor já feito pela Jaguar
-um 5.0 V8 de 510 cv. Traz rodas de aro 20 e bancos de couro
com a letra "R", de "Racing".
Para a Maserati, Detroit foi
palco da versão Sport GTS do
Quattroporte. Feito para celebrar os 70 anos da vitória da
marca em Indianapolis, o sedã
teve seu V8 remapeado para
chegar a 433 cv. O escape tem
som provocativo -e prova que
há consumidor que ignora consumo de combustível e falta de
dinheiro.
(JOSÉ AUGUSTO AMORIM)
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