São Paulo, domingo, 18 de maio de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Calhambeque do Rei renasce e dá nome a ""hot rods"

Carros com mais de 60 anos ganham personalidade do dono

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No fim de 2007, o cantor Roberto Carlos liga para o amigo Emerson Fittipaldi. Ele quer uma indicação de oficina para reformar o seu calhambeque, o mesmo Ford 1929 que ganhou vida no hit do Rei nos anos 60.
"Deixa comigo, Roberto, vai ser uma honra reformá-lo para você", disse o bicampeão de F-1. Fittipaldi, então, reuniu uma equipe de 20 pessoas entre projetistas e engenheiros para reestilizar o veículo.
Como qualquer "hot rod" -carro com mais de 60 anos customizado- que se preze, o modelo deve ser personalizado de acordo com a vontade do dono. Com o Rei, não foi diferente: ele escolheu uma pintura azul e um interior branco.
O velho calhambeque -que não era reformado havia 15 anos- ganhou novas rodas de alumínio, bancos de couro e capota removível, além de ar condicionado e som "bate-estaca", como definiu o cantor.
O motor, um Cadillac V8 (oito cilindros em "V"), agora está turbinado. "O carro ficou uma maravilha", aprova o Rei.
Para o empresário Hermes Hausbier, 48, muita gente até hoje se refere aos "hot rods" como "calhambeque" por influência da música. Roberto Carlos diz que "é um privilégio saber que a canção, escrita pe- lo Erasmo [Carlos], popularizou a denominação".
E não é só o calhambeque da Jovem Guarda que chama a atenção nas ruas. O analista de qualidade Gerson Gomes, 49, diz que é comum pedirem para tirar fotos com a sua picape F1 1952. "Além do mais, minhas filhas adoram passear nela."

Hobby caro
O industrial Wagner Aliprandi, 45, levou cinco anos para montar seu Ford T-Bucket 1923. Ele confessa que, para deixar o xodó brilhando, costuma dar polimento na pintura com algodão. "Até proprietários de Ferrari admiram o carro", diz, orgulhoso, Aliprandi, que evita sair em dia de chuva com o seu "hot rod".
Ter um calhambeque, porém, pode ser um hobby caro. Um modelo custa, em média, R$ 50 mil, mas pode ultrapassar R$ 200 mil, dependendo do nível de personalização.
"Assim como as mulheres escondem o quanto gastam no shopping, os homens não revelam o quanto investem em seus "hots'", compara Wagner Trevisan, dono da Classic Hot Rod, empresa que constrói réplicas de veículos clássicos.
Para muitos, o fato de os carros serem antigos é sinal de que são baratos. "Queriam trocar um Fusca 73 "surrado" pelo meu Fordinho 1929", conta o colecionador Ezio Caetano.
Ele lembra que, certa vez, parou o seu Chevrolet Coupe 1933 num semáforo. "O entregador distribuiu panfletos [de imóveis] para todos os motoristas, menos para mim."
(FELIPE NÓBREGA)


Texto Anterior: Cartas
Próximo Texto: História: "Hot Rod" é tido como avô do "tuning"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.