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Calhambeque do Rei renasce e dá nome a ""hot rods"
Carros com mais de 60 anos ganham personalidade do dono
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No fim de 2007, o cantor Roberto Carlos liga para o amigo
Emerson Fittipaldi. Ele quer
uma indicação de oficina para
reformar o seu calhambeque, o
mesmo Ford 1929 que ganhou
vida no hit do Rei nos anos 60.
"Deixa comigo, Roberto, vai
ser uma honra reformá-lo para
você", disse o bicampeão de
F-1. Fittipaldi, então, reuniu
uma equipe de 20 pessoas entre projetistas e engenheiros
para reestilizar o veículo.
Como qualquer "hot rod"
-carro com mais de 60 anos
customizado- que se preze,
o modelo deve ser personalizado de acordo com a vontade do
dono. Com o Rei, não foi diferente: ele escolheu uma pintura
azul e um interior branco.
O velho calhambeque -que
não era reformado havia 15
anos- ganhou novas rodas de
alumínio, bancos de couro e
capota removível, além de ar
condicionado e som "bate-estaca", como definiu o cantor.
O motor, um Cadillac V8 (oito cilindros em "V"), agora está
turbinado. "O carro ficou uma
maravilha", aprova o Rei.
Para o empresário Hermes
Hausbier, 48, muita gente
até hoje se refere aos "hot rods"
como "calhambeque" por
influência da música. Roberto
Carlos diz que "é um privilégio
saber que a canção, escrita pe-
lo Erasmo [Carlos], popularizou a denominação".
E não é só o calhambeque da
Jovem Guarda que chama a
atenção nas ruas. O analista de
qualidade Gerson Gomes, 49,
diz que é comum pedirem para
tirar fotos com a sua picape F1
1952. "Além do mais, minhas filhas adoram passear nela."
Hobby caro
O industrial Wagner Aliprandi, 45, levou cinco anos para
montar seu Ford T-Bucket
1923. Ele confessa que, para
deixar o xodó brilhando, costuma dar polimento na pintura
com algodão. "Até proprietários de Ferrari admiram o carro", diz, orgulhoso, Aliprandi,
que evita sair em dia de chuva
com o seu "hot rod".
Ter um calhambeque, porém, pode ser um hobby caro.
Um modelo custa, em média,
R$ 50 mil, mas pode ultrapassar R$ 200 mil, dependendo do
nível de personalização.
"Assim como as mulheres escondem o quanto gastam no
shopping, os homens não revelam o quanto investem em seus
"hots'", compara Wagner Trevisan, dono da Classic Hot Rod,
empresa que constrói réplicas
de veículos clássicos.
Para muitos, o fato de os carros serem antigos é sinal de que
são baratos. "Queriam trocar
um Fusca 73 "surrado" pelo
meu Fordinho 1929", conta o
colecionador Ezio Caetano.
Ele lembra que, certa vez, parou o seu Chevrolet Coupe
1933 num semáforo. "O entregador distribuiu panfletos [de
imóveis] para todos os motoristas, menos para mim."
(FELIPE NÓBREGA)
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