São Paulo, domingo, 18 de outubro de 2009

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Spyker tem coração de Audi e preço de 2 Porsche

Por R$ 1,15 milhão, superesportivo holandês ignora controle de tração

FELIPE NÓBREGA
ENVIADO ESPECIAL A SUMARÉ

O Spyker C8 Spyder SWB é como um adolescente no auge da rebeldia: tem muita testosterona para pouco juízo.
Assim como num F-1, o esportivo feito à mão não traz, por exemplo, controle de tração. Ou seja, domar o ímpeto dos 405 cv desse holandês voador é tarefa para quem gosta -e sabe- brincar de piloto.
Devidamente acomodado no banco "concha" do Spyker, um rápido golpe de vista pelo interior do carro é suficiente para alguém perceber que está diante de um desses raros puristas.
No painel, só há relógios analógicos, e a ignição é um disjuntor. Já o câmbio de seis marchas com haste do trambulador à mostra intimida.
É a hora de fechar a porta do tipo tesoura e despertar o motor central V8 4.2 -o mesmo do Audi R8. Nesse instante, o ronco grave e alto do propulsor ecoa pela pista de testes.
"É o barulho de quem chega aos 300 km/h", avisa o piloto Norberto Gresse, cutucando o acelerador em neutro.
Não demora muito e ele engata a primeira marcha para arrancar sem dó. O ponteiro do velocímetro chega a 60 milhas (96 km/h) em 4,5s, segundo dados do fabricante. Logo o C8 beira os 200 km/h, quando uma curva acentuada obriga Gresse a frear forte.
"Tem de pisar firme no pedal do freio [com ABS], senão o "bicho" não para", recomenda, enquanto reduz para a segunda marcha e se prepara para esterçar o volante de base chata.

Desfibrilador caro
Sem contar com a ajuda do controle de tração, o piloto contorna o "cotovelo" com o veículo na ponta dos dedos.
No limite, o Spyker C8 tangencia e escorrega sobre o asfalto até quase tocar a zebra oposta. Com o motor "cheio" -tem torque de Ferrari F430 (48 kgfm)-, o conversível com desenho inspirado em aviões aponta a frente para o retão e segue até entrar num box improvisado para que esse repórter assuma o volante.
Após alguns minutos acelerando forte, o coração dispara. É aí que você descobre que o conversível é um dos mais caros desfibriladores do mercado.
Custa R$ 1,15 milhão, exatamente o dobro de um Porsche 911 Targa 4S (385 cv), tão divertido quanto o C8.
"O comprador do Spyker sabe disso e tem outros esportivos na garagem, mas nenhum tão exclusivo quanto o holandês", opina Hideki Oshiro, diretor da Platinuss, importadora que já representa a Pagani e planeja vender 20 C8 por ano.
A Ferrari, cujo modelo mais barato custa R$ 1,4 milhão, emplacou 33 carros em 2008.


A Platinuss cedeu o Spyker C8 para avaliação


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