São Paulo, domingo, 19 de abril de 2009

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Último que sair fecha a porta e apaga a luz

Mercado de peruas médias e grandes cai a metade neste ano, culpa do sucesso de sedãs e jipinhos urbanos

DA REPORTAGEM LOCAL

"O conceito de "station wagon" [perua] é estritamente europeu e, há anos, desapareceu nos EUA e no Brasil. Agora volta." As palavras são de Jaime Ardila, presidente da GM do Brasil, tentando explicar o porquê de a Cadillac americana anunciar o lançamento da CTS Sport Wagon neste ano, com crise ou sem crise.
Fora as da Volkswagen (Jetta e Passat Variant), peruas completamente novas também são raridade no Brasil -na Europa, tem aos montes.
Hoje, quem aposta no segmento precisa vender o peixe da esportividade. Daí o lançamento da Renault Grand Tour Extreme, uma remanescente de um segmento com apenas quatro modelos -a Toyota Fielder abandonou o barco em setembro do ano passado.
Além da Grand Tour, quem também luta para não morrer é a Peugeot 307 SW. A 407 SW até consta no site da Peugeot, mas emplacou só uma unidade em março. Isso mesmo, uma. É a metade do que vendeu, por exemplo, o Lexus ES350, um daqueles carros que você só acredita que existe vendo-o.
Segundo a Fenabrave (federação das concessionárias), o mercado de peruas médias e grandes caiu de 2.724 unidades no primeiro trimestre de 2008 para 1.276 unidades nos três primeiros meses deste ano. Uma queda de 53% -o mercado total cresceu 3% no período.
E não foi apenas pela saída da Fielder, que registrava vendas mensais de 400 unidades. A própria Grand Tour teve redução de 57%, e a 307 SW, de 81%.
Para Vanessa Castanho, gerente de marketing da Renault, a culpa é da concorrência de carros de outros segmentos. "Em 2001, os carros familiares eram minivans. Depois, esse mercado migrou para as peruas e, agora, só compram SUV [utilitários esportivos] falsos."
Os "SUV falsos", explica Castanho, são os jipinhos "crossovers" com mais aptidões urbanas do que aventureiras. Entre eles estão o Hyundai Tucson, o Kia Sportage, o Honda CR-V e o Chevrolet Captiva, a atual coqueluche do segmento.

Medo
Na opinião de Fabrício Biondo, gerente-executivo de marketing da Volkswagen, a queda no segmento pode ter ocorrido pela variação do dólar -saiu de R$ 1,70 para R$ 2,30- ou por problemas de estoque.
"O medo das montadoras em novembro [auge da crise] obrigou todos a reduzir a produção e a importação de carros. Hoje falta Jetta Variant para vender", afirma Biondo, que completa: "Os SUV médios terão o maior crescimento em 2009".
Pelo visto, no mercado de peruas médias, o último que sair fecha a porta e apaga a luz.
(FABIANO SEVERO)


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