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Direção dura sacrifica a dura coluna
Para motoristas, volante com assistência hidráulica ameniza
as dores lombar e cervical
FABIANO SEVERO
DA REPORTAGEM LOCAL
A psicóloga Ilse de Araújo
dos Santos, 56, começou a dirigir aos 25. Nessa época começou também seu problema crônico de coluna: como os carros
não ofereciam a direção com
assistência hidráulica, agravaram-se suas dores nas costas.
O caso de Santos não é isolado. Especialistas em coluna
afirmam que dirigir carros com
direção muito dura piora o problema nas costas.
"Fui a vários médicos, mas
nenhum diagnosticou o problema. Até que, em 1990, comprei
meu primeiro carro com direção hidráulica. As dores nas
costas sumiram", conta.
Há um ano, a psicóloga voltou a ter um carro -um Fiat
Palio Fire- com direção mecânica. "Tornei a sentir dores na
cervical, próximo ao pescoço.
Faço tanta força para manobrar que tenho de tomar analgésicos no fim do dia."
A modelista Maria Judith
Schiff, 53, também recorria a
analgésicos após dirigir ao menos duas horas por dia.
"Há dois meses troquei meu
[Volkswagen] Gol Special sem
direção hidráulica por um Fox
com o equipamento. Não sinto
mais dores no ombro e parei de
tomar remédios", conta Schiff.
Segundo Luiz Pimenta, presidente da World Spine Society
(Sociedade Mundial de Coluna), dirigir carros com direção
muito dura ou com mau posicionamento no banco pode levar a lesões extremas e até a cirurgia nas costas.
"Tenho um paciente de 40
anos que dirigia como um "garotão", sempre com o encosto
bem reclinado. Ele teve degeneração precoce dos discos da
coluna e terá de operar em duas
semanas", afirma Pimenta.
O médico diz também que dirigir de forma errada causa
mais problemas em pessoas
com idade acima de 40 anos.
"Os jovens ainda têm o tônus
muscular para a sustentação da
coluna. Já os mais velhos, principalmente os sedentários, sofrem de discopatia degenerativa [discos enfraquecidos]. Eles
apresentam sintomas ou não."
Alongamento
Dirceu Rodrigues Alves, chefe de medicina ocupacional da
Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego),
afirma que a direção hidráulica
não resolve o problema de coluna, mas pode aliviar as dores
musculares, pois há redução de
esforço no esterçamento.
"Em geral as pessoas já têm a
lesão primária [problema hereditário] nas costas, que se agrava com o excesso de esforço ao
volante. Os homens toleram
mais do que as mulheres."
Para evitar as crises na coluna, além da direção hidráulica,
Alves aconselha a prática de
exercício físico e a redução de
horas atrás do volante. Isso evita a lombalgia -dor lombar-, a
mais comum entre motoristas.
"O esforço excessivo e repetitivo na parte superior da bacia e
na cintura escapular se reflete
em dores na lombar. Fazer
alongamentos antes e depois de
dirigir é recomendado."
Se não resolver, exercícios
como RPG, natação, pilates e fisioterapia ajudam. Para Alves,
o cuidado com o posicionamento correto no banco é fundamental.
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