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Revolução colorida
Motoristas que fogem da dupla preto-prata têm de enfrentar espera anormal pelo carro
Danilo Verpa/Folha Imagem
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A consultora de RH Erika Knoblauch teve de esperar cinco meses para receber um Fit vermelho; revenda propôs pintar um branco |
CELSO DE CAMPOS JR.
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No mercado automotivo brasileiro, a vida não é um arco-íris
-ao menos no que diz respeito
a quem está em busca de um
carro que fuja de prata, preto,
cinza e branco, cores dominantes no grisalho trânsito do país.
Com 72% dos carros na América do Sul pintados nesses
tons, segundo a DuPont, a
maior fornecedora de tintas para montadoras, é cada vez mais
raro achar as ovelhas coloridas.
A consultora de RH Erika
Knoblauch que o diga. Após perambular sem sucesso por diversas concessionárias à procura de um carro vermelho, encontrou na Honda a possibilidade de encomendar um Fit.
Seria entregue em dois meses
-mas ela teve de esperar cinco.
"Chegaram a me sugerir até
comprar um branco e repintá-lo, o que não faz o menor sentido", diz Knoblauch, fã dos rubros desde 1978, quando teve
um Ford Corcel 2 vermelho.
Outra vítima da ditadura das
cores foi o metroviário Gilberto
Pinheiro de Araújo. Ao adquirir
uma Fiat Palio Weekend vermelha, recebeu a promessa de
que a perua estaria em sua garagem em 30 dias úteis.
"Vendi meu carro e prometi
ao comprador entregá-lo em
um mês, pois já estaria com o
novo. Entreguei meu carro,
mas nada de o zero chegar. Foram 70 dias úteis de espera."
Knoblauch não se conforma
com o encolhimento do mercado dos coloridos. "Na Audi, por
exemplo, há fila de espera pelos
carros vermelhos. Se há a demanda, por que não há oferta?"
A filial brasileira confirma
que pode haver lista de espera
aqui no Brasil por cores como
vermelho e branco, por terem
uma procura mais baixa.
Medo da revenda
Para a Honda, essa procura
não é tão grande assim. "A revenda solicita o que quer receber, e acreditamos que seu pedido vise atender à demanda",
diz Marcos Martins, gerente de
venda da montadora.
Procurada pela Folha, a Fiat
não se pronunciou.
Ainda que sejam atraídos por
cores exóticas, muitos motoristas fogem das cores mais ousadas pelo medo da depreciação
na revenda. "É realmente uma
exigência do mercado. Preto e
prata costumam alcançar um
melhor preço, além de venderem mais rapidamente", confirma Andréa Lazaro, da AutoMottivo Multimarcas.
A psicologia também tem sua
explicação. "Muita gente opta
por preto ou prata nos carros
porque busca status e sofisticação", analisa o psicólogo Paulo
Félix, da Associação Pró-Cor,
que reúne profissionais de diversas áreas. "Mas a escolha
por essas cores também revela
insegurança, pois impede que
os motoristas expressem seus
verdadeiros sentimentos."
Com tudo isso, a previsão para 2008 ainda é de nebulosidade na avaliação do designer de
cores Marcos Quindici, da
Rainbow Brasil. "A tendência é
de inclusão de subtons coloridos no prata. Cores vivas ainda
continuam identificadas com
os modelos esportivos."
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