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ZR1 ignora alma de Corvette
ZR1 chega a 330 km/h e tem consumo rodoviário de 8,5 km/l, diz a GM
Com 647 cv, o mais potente dos Chevrolet tem apenas a aparência em comum com outros Corvette
DO "NEW YORK TIMES", EM DETROIT
O Chevrolet Corvette ZR1 é o
mais potente carro de linha já
feito pela General Motors, uma
mistura de materiais exóticos e
engenharia norte-americana
capaz de, ao preço de US$ 105
mil (R$ 246,4 mil), humilhar
Lamborghini e devorar Ferrari.
Ainda que o estilo do ZR1 tenha o lado Las Vegas que caracteriza os demais Corvette, a
única coisa que eles têm em comum é o visual. Tudo o mais
que o carro oculta, incluindo o
simbolismo, é diferente.
É preciso encarar: o Corvette
tem um problema de imagem.
Muitos dos potenciais clientes
se assustam com o jeitão de carro de astro pornô envelhecido.
Os estatutos do culto ao Corvette parecem determinar que
todos os proprietários passem
as noites de sábado em companhia de outros cultuadores, falando e polindo o mais norte-americano dos esportivos.
É possível imaginar que um
Corvette ainda mais potente
represente um mergulho mais
fundo nesse vórtice. Mas o modelo de 647 cv (cavalos) transcende as limitações do culto.
O ZR1 vai a 100 km/h em
3,5s, menos que os 3,65s do extinto Ferrari Enzo. Seus freios
traseiros são poderosos como
os do Bugatti Veyron, de US$
1,6 milhão (R$ 3,8 milhões).
Enquanto um Corvette comum é mais vistoso que concorrentes como o Porsche 911, a
forma familiar do ZR1 o faz parecer discreto ante rivais italianos. A semelhança com outras
versões do Corvette acaba aí.
Para começar, um turbocompressor, visível sob uma lâmina
transparente, propicia a força
espantosa do motor; os demais
Corvettes respiram sem ajuda.
Além disso, o ZR1 é feito de
materiais diferentes. Os viciados em esportivos recordam
que, em 2006, para o Corvette
Z06, a fábrica trocou a carroceria de aço e fibra de vidro por
uma de liga de alumínio, fibra
de carbono e magnésio. O ZR1
usa a carcaça do Z06 e adiciona
tecnologia ao revestimento.
Peso-pena
Para compensar os 73 kg que
o turbocompressor, as grandes
rodas e os freios acarretam, o
ZR1 tem teto e capô de fibra de
carbono. Com 1.509 kg, é o mais
pesado dos Corvette atuais,
mas tem melhor relação peso/
potência que o Lamborghini
Murciélago LP640 e o Ferrari
599 GTB Fiorano.
Essa máquina fez 7,26min na
pista de 20,8 mil metros de
Nürburgring (Alemanha), mais
veloz que qualquer Porsche ou
Lamborghini estradeiros.
Ao acionar o botão de partida, não espere um rugido de
metaleiro. Ainda que o 6.2 V8
(oito cilindros em "V") tenha
potência tempestuosa, o ZR1
desperta sem grande ruído.
Os engenheiros da GM fazem
questão de ressaltar que o câmbio manual é acionado por uma
embreagem de disco duplo. Segundo eles, distribuir a força do
conjunto motor-câmbio em
duas placas aumenta o prazer
das trocas de marcha. O resultado é uma embreagem precisa.
Aliás, o carro todo é assim.
Não é preciso aprender aos
poucos a dirigi-lo nem ter cuidados extras para evitar abrir
um buraco em forma de Corvette no muro mais próximo.
Ainda que pareça impossível
contê-lo, logo fica evidente que
isso não é verdade: os freios, de
um composto de carbono e cerâmica, devoram a velocidade.
O ZR1 é um carro perfeito,
então? Não, claro. Merecia um
interior digno de um modelo de
US$ 100 mil, e 647 cv talvez sejam demais. Mas o ZR1 se torna
mais atraente por ter qualidade
tão refinada que poucos o associariam a um Corvette.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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