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Barateamento de usado não se reflete em seguro
Lojas pagam menos que indicado na tabela da Fipe, mas prêmio não foi alterado; cliente é ressarcido pelo valor no dia do sinistro
DO "AGORA"
De um lado, o mercado de
usados está à beira de um ataque de nervos, com falta de crédito, pátios abarrotados e preços em queda. De outro, as seguradoras continuam fechando
as apólices com base nos valores aferidos pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), de 30 a 40 dias atrás
-portanto, não tão contaminados pela crise econômica.
Entre os dois, encontra-se o
consumidor que precisa renovar o seguro de seu carro ainda
em 2008. Resultado: ao mesmo
tempo em que o segurado vê
seu bem ser desvalorizado em
cerca de 20%, ele é obrigado a
arcar com o custo da apólice baseada nos valores da já extinta
época das vacas gordas.
Basta pesquisar o valor dos
veículos em lojas de usados para observar a discrepância. Um
Ford Ka GL 1.0 2004, cujo valor
na apólice é fixado em R$
18.153, tem preço máximo em
uma avaliação, mas sem qualquer chance de resultar em
venda no momento, de R$ 13
mil. Ou seja, uma diferença de
R$ 5.153, 28,4% entre o valor
previsto pelo seguro e o que o
mercado realmente está oferecendo pelo veículo.
O descompasso também
acontece para o Chevrolet Astra Advantage 2008, cujo valor
de tabela é de R$ 40.608. Na
prática, contudo, ele não vai
além dos R$ 32 mil. O veículo é
o menos desvalorizado entre os
modelos pesquisados, com
21,2% de depreciação.
Na vez do Renault Clio 1.0 RT
2002, com todos os opcionais, o
valor dado pela Fipe é de R$
20.762. Nas lojas, não foi oferecido mais do que R$ 13 mil
-uma depreciação de 37,4%.
Os modelos mais vendidos
vivem o mesmo. Um Volkswagen Gol 1.0 Power 2003 consta
na tabela da Fipe por R$ 21,9
mil, porém a oferta foi limitada
a R$ 14 mil, uma depreciação de
36,1%. Já o Fiat Palio 1.0 Fire
foi o que apresentou a maior
desvalorização, com 39%: pela
Fipe, ele custaria R$ 24.593,
mas, no mercado, não seria
vendido por mais de R$ 15 mil.
Ressarcimento
Segundo Luiz Pomarole, vice-presidente de produto da
Porto Seguro, a atual crise fez
com que o volume de novos
contratos retraísse. No caso da
Porto Seguro, a queda real ficou
em torno dos 15%; para a Azul,
voltada às classes de menor
renda, a diminuição é de 25%.
"Nesse segmento, o consumidor depende totalmente da
oferta de crédito para adquirir
um carro. Como os financiamentos ficaram mais difíceis, é
natural que o número de novas
apólices tenha diminuído."
Para Paulo Umeki, membro
da comissão técnica de automóveis da Fenseg (Federação
Nacional de Seguros Gerais),
quem está renovando o seguro
não precisa se preocupar. Caso
o mercado se reaqueça e os preços subam, o consumidor será
ressarcido por conta de um
eventual sinistro pelos valores
da Fipe no dia da ocorrência.
Resta ao consumidor duas
conclusões. Primeiro: se está
com a intenção de comprar um
carro e tem dinheiro para pagar
à vista ou financiar o mínimo
possível, este é o momento.
Por outro lado, se está querendo vender o veículo, mas
não tem urgência, o melhor é
esperar até o final de fevereiro,
quando, espera-se, o mercado
deverá estar reaquecido, sobretudo após as isenções de impostos autorizadas pelo governo.
CHEVROLET ASTRA
ADVANTAGE 2.0 2008
Fipe: R$ 40.608
Avaliação: R$ 32 mil
Desvalorização: 21,2%
RENAULT
CLIO 1.0 RT 2002
Fipe: R$ 20.762
Avaliação: R$ 13 mil
Desvalorização: 37,4%
FORD KA 1.0 GL 2004
Fipe: R$ 18.153
Avaliação: R$ 13 mil
Desvalorização: 28,4%
VOLKSWAGEN
SAVEIRO 1.8 2002
Fipe: R$ 21.316
Avaliação: R$ 16 mil
Desvalorização: 24,9%
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