São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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Manutenção econômica

Usado e desmanche cedem peças

Carros que não são mais fabricados ou importados devem ter itens por "tempo razoável"

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Todos os anos, a história se repete. Enquanto os lançamentos são apresentados em meio a muita badalação das montadoras, alguns modelos saem de cena acompanhados apenas pelo silêncio e pela apreensão dos proprietários -que subitamente se vêem com um veículo enquadrado na temida categoria dos fora-de-linha.
Presidente do Omega Clube, o engenheiro Mauro Apor diz que a dificuldade de encontrar determinadas peças para o modelo nacional da Chevrolet (produzido entre 1992 e 1998) é uma constante para os associados. "Temos de recorrer ao mercado de usados e a desmanches, que cobram muito caro, mais até do que a peça custaria nas autorizadas", explica.
O publicitário Thyago Szoke, presidente do Santana Fahrer Club, revela que as peças de acabamento para a primeira e a segunda gerações do longevo veículo, produzido pela Volkswagen de 1984 a 2006, já estão rareando. "Com a alta procura, começaram a aparecer os atravessadores, que inflacionam o mercado de peças usadas."
Para quem está nessa situação, a dica é participar de fóruns de discussão em sites especializados, que podem indicar lojas com bons estoques. O presidente do Omega Clube recomenda dar uma olhadela em sites internacionais, já que a importação às vezes é a saída.

Prazo razoável
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, fabricantes e importadores devem ofertar componentes e peças de reposição, cessadas a produção ou a importação, por um período de tempo "razoável".
A advogada Mariana Ferreira Alves, do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), acredita que, no caso dos automóveis, esse prazo razoável seja de, no mínimo, dez anos. Mas admite que o mérito fica a critério do juiz em caso de ações por danos materiais ou mesmo morais. "Essa lacuna sobre o prazo facilita a vida do fabricante. Mas, dependendo do caso, a briga vale a pena."
São raros, contudo, os motoristas que resolvem ir à Justiça para exigir o cumprimento da lei. "Dono de carro fora-de-linha tem de usar a criatividade", diz Alexandre Actis, presidente do Niva Clube ABC (o jipe russo foi importado até 1998).
"Vamos adaptando e usando peças recondicionadas", explica ele, que teria ainda maiores dificuldades em ações na Justiça, já que a montadora encerrou suas operações no Brasil.
Como recompensa, cedo ou tarde, o destino pode sorrir à porta desses abnegados motoristas. Há alguns meses, Szoke, do Santana Fahrer Club, descobriu por acaso que a Volkswagen iria fazer o leilão de algumas peças de seus fora-de-linha. Empolgado, até tentou comprar um lote, mas acabou superado. "Foi até bom. Onde eu iria colocar 200 pára-choques?" (CELSO DE CAMPOS JR.)



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