São Paulo, domingo, 22 de setembro de 2002

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PERDIDOS NO ESPAÇO

Falta de conforto atinge altos e baixos

Fernando Morais/Folha Imagem
Com 150 kg, o Rei Momo Marco Antônio Salles testou vários carros antes de escolher um Gol


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Carência ou excesso de altura também são sinônimos de desconforto no interior do carro.
Do alto de seus 1,85 m, a fisioterapeuta Débora Cristina Rodrigues diz que coloca o banco de seu Fiat Mille todo para trás, o que torna possível conduzi-lo.
João José Vianna, o Pipoka, de 2,04 m, jogador de basquete da Uniara, de Araraquara (273 km a noroeste de São Paulo), fala que sempre leva seus carros ao mecânico para ajustes. "Eu precisava colocar mais quatro furos no trilho do banco, só que para trás."
Além de ajustar o banco, a pessoa que é bem alta também enfrenta outro empecilho: o teto do veículo. O Rei Momo Marco Antônio Rodrigues de Salles diz que em muitos automóveis ele é obrigado a abaixar a altura do banco para não raspar a cabeça no teto.
O campo de visão das pessoas altas também pode ser prejudicado com o dégradé do pára-brisa dianteiro. "Fica bem na altura dos olhos", completa Pipoka.
Mas as dificuldades de pessoas muito altas ou gordinhas não param por aí. Quando migram para o banco de trás, provocam problemas para os demais ocupantes.
"Para eu sentar ali, o passageiro da frente ou o motorista têm de colocar o banco todo para a frente", explica Salles.

Pequenos
Distante da realidade de quem vive nas alturas, os mais baixos também têm vida difícil e precisam contar com acessórios e um bom alongamento de pescoço para enxergar por cima do volante.
A advogada Manoela Affef da Silva, de 1,43 m, conta que nunca saía sem uma almofada para colocar nas costas. "Meus amigos sempre brincavam dizendo que eu usava só um oitavo do carro."
Hoje, ela tem um Corsa e explica que, para conseguir dirigir com segurança, põe o banco para a frente e descarta a almofada.
A empresária Márcia Preto Calacibeta, de 1,48 m, que tem uma picape Chevrolet S10, conta que aprendeu a guiar na ponta dos pés para não precisar de almofadas nem de bancos reguláveis.
"O carro grande tem a vantagem de ter direção ajustável, e eu me recuso a usar almofadas ou encostos", afirma. A empresária procura fazer test-drive antes de escolher um carro e dá a dica: "Os carros da Volks são para os altos".
Não é só Calacibeta que tem pouca altura e dirige carro grande. O palhaço do Circo Espacial Wando Lúcio da Conceição, de 1,35 m, fala que guiou todos os tipos de veículo. "Tivemos de guinchar um trailer e manobrei uma picape." Tonelada, como é conhecido no circo, revela que sua técnica é sentar na ponta do banco.



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