|
Próximo Texto | Índice
"BIG BROTHER"
Carro perde garantia e pode se incendiar caso aparelho de monitoramento não seja homologado pela Anatel
Metade dos rastreadores está irregular
LUCAS LITVAY
DA REPORTAGEM LOCAL
Vendidos como uma das melhores armas contra roubos e furtos, os rastreadores veiculares podem ser uma armadilha. O setor
estima que 35 das 70 empresas
que atuam no Brasil ofereçam
equipamentos de monitoramento por satélite sem a homologação
da Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações).
Segundo o supervisor de radiofreqüência e fiscalização do órgão
estatal, Edílson Ribeiro dos Santos, todos os equipamentos que
operam por radiofreqüência
devem obter a certificação. Depois, precisam ser homologados
pela Anatel, de acordo com a legislação que regulamenta o setor
de telecomunicação móvel.
"Todas as companhias sérias e
competentes sabem dessa lei e
têm seus produtos homologados", afirma Rodrigo Farias, gerente comercial da Skytrack, empresa certificada pela Anatel. Segundo ele, outras preferem não se
enquadrar na legislação porque a
falta do certificado da agência não
impede contratos com as seguradoras, tidas como o "filé mignon"
do setor de segurança.
A Fenaseg (federação nacional
das seguradoras) diz que não é
sua responsabilidade fiscalizar as
decisões de cada empresa. Mas,
informada da denúncia, declarou
que o assunto será debatido.
Orçamento
Para o presidente da empresa
certificada Crown Telecom, José
Antônio Pereira Júnior, pagar
R$ 30 mil pela homologação é fator determinante para as companhias não procurarem a Anatel.
"Nesse mercado, o que não falta
são empresas pequenas que sentem o valor nos balancetes."
Segundo Pereira Júnior, o consumidor corre um grande risco ao
comprar um equipamento não-legalizado, além de perder a garantia de fábrica. "O carro pode
ter problemas elétricos e até princípio de incêndio", enumera.
Para Farias, da Skytrack, adquirir um produto de monitoramento sem o certificado é como comprar a maioria dos DVDs da rua
25 de Março (região de São Paulo
conhecida por vender produtos
pirateados). "O aparelho pode
nem encontrar o veículo."
"Tenho centenas de clientes que
estão traumatizados. Eles já tiveram problemas com rastreadores
que não funcionavam e que não
tinham nenhuma certificação",
diz um empresário do setor que
pediu para não ser identificado.
A homologação do equipamento na Anatel e no Cesvi (Centro de
Experimentação e Segurança Viária), segundo ele, é a garantia de
qualidade. "Às vezes, pagar menos não é o melhor negócio."
A certificação dos aparelhos nos
órgãos independe de ordem, diz
Farias. "Nos testes, a Anatel priorizará o funcionamento de comunicação, enquanto o Cesvi focará
o funcionamento do aparelho."
Segundo Ricardo Imperatriz, diretor de negócios da empresa JaburSat, certificada, a homologação pode sair em até seis meses.
Procurado pela Folha, o Sindirisco (Sindicato Nacional das Empresas de Gerenciamento de Riscos e de Tecnologia de Rastreamento e Monitoramento) informou que tem conhecimento da
legislação dos aparelhos de radiofreqüência, mas que não é obrigação dele regular o setor.
Próximo Texto: Outro lado: Empresas dizem já ter pedido regularização Índice
|