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Designers do Brasil ganham prêmios internacionais, e criações nascidas aqui são exportadas para os quatro cantos do planeta
Talento nacional
CELSO DE CAMPOS JR.
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Internacionalmente conhecido
como pátria de hábeis volantes,
como Emerson Fittipaldi, Nelson
Piquet e Ayrton Senna, o Brasil
também é berço de outras feras
do mundo das quatro rodas. Ainda que desconhecidos do grande
público, os designers brasileiros
têm conseguido vitória atrás de
vitória no circuito do desenho e
da criação automotiva mundial.
Além de emplacar com cada vez
mais freqüência suas criações nas
grandes montadoras -casos do
Volkswagen Fox, da Chevrolet
Meriva e do Ford EcoSport-, os
verde-amarelos também vêm
abocanhando alguns dos maiores
prêmios internacionais de design
automotivo, afirmando-se como
verdadeiros ases das pranchetas.
"Os designers brasileiros são
centrados, flexíveis e mostram-se
cada vez mais sensíveis às novas
tendências do mercado. Estão
aprimorando seus desenhos e
aprofundando conhecimentos
sobre conceitos avançados da indústria automotiva", analisa Luiz
Alberto Veiga, 52, chefe de design
da Volkswagen do Brasil.
"Em um dos mercados mais
exigentes do mundo, o europeu,
somos os detentores do know-how na criação de carros de boa
qualidade, bonitos, resistentes e,
sobretudo, acessíveis. Enfim, produtos com design diferenciado e
moderno, superiores aos concorrentes criados na Europa."
Veiga, aliás, é a personificação
desse profissional talentoso e criativo. Com cerca de duas décadas
de carreira, carregando na bagagem, entre outras realizações, a
chefia do desenvolvimento do Polo Sedan e da criação, do conceito
e do design da família Fox, ele foi
convidado a fazer parte do Design
Center Europe, estúdio respeitado nos quatro cantos do planeta.
Recentemente nomeado chefe
avançado de design para mercados emergentes da empresa, Veiga trabalha na Alemanha e ostenta na prateleira um dos mais cobiçados prêmios do meio -o do
Design Internacional Motor
Trend, na categoria profissionais.
O brasileiro recebeu o prêmio
ao criar o W@gon, um Kombi futurista cujos atributos permitem
ao cliente transformá-lo de acordo com a ocasião. "Depois de
anos chefiando um estúdio, queria provar para mim mesmo que
era capaz de competir com jovens
talentos do mercado", explica.
Sangue novo
Veiga tem razão. A nova geração do design automotivo brasileiro já é uma realidade. Guilherme Knop, 27, foi o grande vencedor da última edição do prêmio
Motor Trend -o primeiro brasileiro a receber a honraria Best of
Show, que engloba todas as categorias da competição.
O designer criou um veículo
com dois lugares inspirado na
marca Giorgio Armani e foi aclamado pelo júri, que incluía alguns
dos "papas" internacionais, entre
eles Henrik Fisker, diretor-executivo de design da Aston Martin.
Na época do concurso, Knop,
que sempre tivera como meta desenhar carros, trabalhava no setor
de design da Electrolux, no Paraná. Depois da conquista, teve propostas da Ford e da Volkswagen,
com quem finalmente acertou,
deixando viúvas as linhas de refrigeradores e lava-louças da sua antiga casa. "O prêmio ajudou a valorizar o meu passe", brinca.
Outro jovem talento brasileiro
laureado é Gustavo Guerra, 23,
que venceu o concurso Michelin
Challenge Design e teve sua criação exposta no Salão de Detroit de
2004. Formado em desenho industrial pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, concebeu o
CAF (Chinese Auto Frame), um
veículo de 2,68 metros de comprimento com chassi externo e carroceria de placas de plástico.
Incansável, Guerra já trabalha
em outro front: a construção do
H2, ônibus de linhas arrojadas
que usa eletricidade e hidrogênio,
previsto para ganhar as ruas brasileiras daqui um ano. "É uma satisfação enorme entrar na fábrica
e ver o pessoal trabalhando em
um projeto que você criou. Ver os
desenhos se tornarem realidade é
algo inexplicável", afirma, orgulhoso, o pai da criança.
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