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São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2003

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Peças perdem vida útil com a conversão

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Montadoras e fabricantes de sistemas bicombustíveis afirmam que tornar um carro apto a rodar com gasolina e com álcool não se resume a trocar o chip do módulo de controle eletrônico.
"Não é possível fazer essa transformação sem grandes alterações no motor", diz João Alvarez Filho, gerente-executivo de desenvolvimento de motores e transmissões da Volkswagen.
"O motor até funciona, mas não dura muito." Alvarez diz ter visto casos em que o carro não chegou a completar 3.000 quilômetros depois da conversão. Segundo Sidney Barbosa de Oliveira Jr., da Bosch, vários itens no bicombustível têm tratamento especial para resistir à corrosão pelo álcool.
Filtros, bomba de combustível e regulador de pressão são feitos com materiais diferentes dos utilizados no motor a gasolina.
Injetores têm composição metálica e formato interno diferenciados para dar vazão suficiente em carga máxima com álcool e em marcha lenta com gasolina, quando a passagem é mínima.
Segundo Oliveira, a utilização de um kit de combustível para gasolina com álcool é capaz de provocar até uma explosão. "No kit de álcool, os contatos são protegidos para evitar faiscamento, o que não acontece no de gasolina. Portanto, existe um risco remoto de auto-ignição dentro do tanque se ele estiver com álcool."
O diretor de engenharia da Delphi, Roberto Stein, destaca ainda que, como na conversão a entrada de combustível não é calibrada para otimizar o desempenho, se pode acabar utilizando muito mais combustível. "A quilometragem por litro torna-se tão baixa que não compensa a troca."
Os técnicos são unânimes em dizer que a conversão significa, no médio prazo, gastar muito com peças. "A durabilidade do motor é reduzida", reforça Stein.

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