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PEDALADA ELÉTRICA
"E-bike" não emite CO2, gás que Ibama considera "balela"
Gás carbônico é ignorado por governo, que se vale do álcool renovável
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito Gilberto Kassab
promete construir 75 km de ciclovias ou ciclofaixas em São
Paulo. Desses, só 20 km estão
em obras, que irão triplicar a
malha exclusiva para bicicletas.
Berlim, por exemplo, com um
quarto da população paulistana, possui 625 km de ciclovias.
"A bicicleta elétrica é uma
das soluções da mobilidade
sustentável. Mas colocá-la nas
vias para disputar espaço com
carros e motos é um risco que
pode comprometer a popularização desse veículo", opina
Caio Salerno, gerente de desenvolvimento da fabricante de bicicletas Sundown.
Hoje as bicicletas respondem
por 0,6% dos deslocamentos
em São Paulo, mas, no primeiro
semestre de 2009, somaram
4,2% das mortes por acidentes
de trânsito (29 casos), segundo
dados da CET (Companhia de
Engenharia de Tráfego).
No entanto, fabricantes acreditam que até 2014 irão comercializar 200 mil magrelas motorizadas por ano no Brasil,
país que consome 5,3 milhões
de bicicletas comuns por ano.
Apresentadas como tendência para o transporte até 14 km
por dia (média de deslocamento nas capitais), as "e-bikes"
atingem velocidade de até 40
km/h e consomem R$ 0,01 de
energia por quilômetro rodado.
Poluição
Numa cidade como São Paulo, onde R$ 335 milhões são
gastos anualmente com internações e tratamentos de pacientes afetados pela poluição,
as bicicletas elétricas têm a
vantagem de não emitir gases
tóxicos, como o CO2 em alta
concentração, que contribui
para o aquecimento global.
"No caso dos automóveis, a
emissão de gás carbônico é
proporcional ao consumo de
combustível", explica Ricardo
Martin, engenheiro da Fiat,
que produz o Mille.
Segundo a Anfavea (associação das montadoras), o modelo
tem a menor emissão de CO2
(124,8 g/km) entre os carros
nacionais com vendas acima de
2.000 unidades por ano.
A legislação brasileira, porém, ignora o gás carbônico
-só exige controle de HC (hidrocarboneto), CO (monóxido
de carbono) e NOx (óxido de
nitrogênio). Na Inglaterra, por
exemplo, a emissão de CO2 baliza a tributação do veículo zero-quilômetro. Quanto mais
poluidor, mais taxa paga.
Lá, o smart fortwo, homologado por um ciclo diferente do
brasileiro, produz 116 g/km de
CO2 e paga 10% de imposto. Já
o Porsche Cayenne V8 Turbo
(358 g/km) é taxado em 35%.
Para Paulo Macedo, coordenador do programa de controle
de emissões do Ibama, o gás
carbônico é "balela" e não deve
ser levado em consideração.
"A maioria dos carros feitos
no país podem ser abastecidos
com álcool, um combustível renovável. Na sua produção, o
CO2 é absorvido na fotossíntese
da cana-de-açúcar", justifica.
Em dezembro, o governo
promete divulgar a edição
2009 da Nota Verde, classificação de carros novos conforme
as emissões de HC, CO e NOx.
Mesmo seguindo os padrões
do programa Green Car americano, as montadoras discordam da metodologia do Ministério do Meio Ambiente, que
seleciona veículos aleatoriamente na linha de produção
para teste, e não os modelos de
homologação, que usam motores "amaciados".
(FELIPE NÓBREGA)
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