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Vendas de motos caem até 19% em 2009
Na crise, marcas novas como Dafra, Traxx e Sundown cresceram; líder Honda chegou a ficar abaixo de 70%
RICARDO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A crise abalou o crescimento
do mercado de motos. A queda
nas vendas no último trimestre
de 2008 chegou a mais de 30%
em algumas marcas.
No primeiro semestre deste
ano, com 765.490 emplacamentos, a venda de motos caiu
19% se comparada com o mesmo período do ano passado.
A Abraciclo (Associação dos
Fabricantes de Motocicletas),
otimista, espera um crescimento de 22% no segundo semestre em relação aos primeiros meses deste ano. Significa
vender mais 934.550 motos.
"Não com a mesma velocidade que a indústria de carros,
mas estamos nos recuperando", afirma Paulo Takeuchi,
presidente da Abraciclo.
Se a meta for atingida, o setor
ainda fechará o ano com 1,7 milhão de motos vendidas, queda
de 11%, na comparação com
2008, ano-recorde com
1.925.512 motos vendidas.
Resultados positivos são creditados à isenção da Cofins
(Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social),
prorrogada até setembro.
"Após a redução da Cofins,
no começo do segundo trimestre, as vendas de motos cresceram 7%", calcula Takeuchi.
A suspensão da cobrança,
que era de 3%, representa, em
média, uma redução de R$ 200
no valor final da moto.
O diretor comercial da Dafra,
Haroldo Barroso, afirma que a
isenção não é tão significativa.
"Precisamos de mais linhas
de crédito, porque 80% das
motos são financiadas", afirma.
Para o presidente da Fenabrave (Federação Nacional da
Distribuição de Veículos), Sérgio Reze, a queda na venda de
motos é uma crise de crédito.
"O motociclista tem dificuldade para comprovar os dados
cadastrais", avalia Reze.
Com medo de calote na crise,
as financeiras ficaram mais
exigentes com a documentação, aumentaram as taxas de
juros e reduziram os prazos.
Takeuchi admite que os consumidores ainda têm dificuldade para conseguir financiamento. "Os bancos estavam tão
ocupados em financiar os carros que não tiveram tempo de
se dedicar às motos", opina.
A crise também atingiu os líderes (Honda, Yamaha e Suzuki) e abriu caminho para marcas recém-chegadas da China,
em parceria com grupos nacionais, como Dafra, Sundown,
Traxx e Kasinski.
TVS Motors
Pela primeira vez em 20
anos, a participação da Honda
chegou a ficar abaixo de 70%
-hoje está em 70,6%. Procurada pela Folha, a Honda não comentou a queda no "share".
"As motos chinesas têm preço diferenciado porque são
pouco nacionalizadas, e os
componentes importados são
mais baratos que os nacionais",
explica Moacyr Alberto Paes,
diretor-executivo da Abraciclo.
Com a maior taxa de crescimento, a Dafra estabeleceu
uma parceria com a indiana
TVS Motors para a produção
de uma esportiva pequena em
Manaus, a partir de outubro.
"Já enfrentamos a concorrência das marcas grandes
[Honda, Suzuki e Yamaha] na
Índia", afirma Hardip Goindi,
presidente da TVS.
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