São Paulo, domingo, 26 de julho de 2009

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Vendas de motos caem até 19% em 2009

Na crise, marcas novas como Dafra, Traxx e Sundown cresceram; líder Honda chegou a ficar abaixo de 70%

RICARDO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A crise abalou o crescimento do mercado de motos. A queda nas vendas no último trimestre de 2008 chegou a mais de 30% em algumas marcas.
No primeiro semestre deste ano, com 765.490 emplacamentos, a venda de motos caiu 19% se comparada com o mesmo período do ano passado.
A Abraciclo (Associação dos Fabricantes de Motocicletas), otimista, espera um crescimento de 22% no segundo semestre em relação aos primeiros meses deste ano. Significa vender mais 934.550 motos.
"Não com a mesma velocidade que a indústria de carros, mas estamos nos recuperando", afirma Paulo Takeuchi, presidente da Abraciclo.
Se a meta for atingida, o setor ainda fechará o ano com 1,7 milhão de motos vendidas, queda de 11%, na comparação com 2008, ano-recorde com 1.925.512 motos vendidas.
Resultados positivos são creditados à isenção da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), prorrogada até setembro.
"Após a redução da Cofins, no começo do segundo trimestre, as vendas de motos cresceram 7%", calcula Takeuchi.
A suspensão da cobrança, que era de 3%, representa, em média, uma redução de R$ 200 no valor final da moto.
O diretor comercial da Dafra, Haroldo Barroso, afirma que a isenção não é tão significativa.
"Precisamos de mais linhas de crédito, porque 80% das motos são financiadas", afirma.
Para o presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos), Sérgio Reze, a queda na venda de motos é uma crise de crédito.
"O motociclista tem dificuldade para comprovar os dados cadastrais", avalia Reze.
Com medo de calote na crise, as financeiras ficaram mais exigentes com a documentação, aumentaram as taxas de juros e reduziram os prazos.
Takeuchi admite que os consumidores ainda têm dificuldade para conseguir financiamento. "Os bancos estavam tão ocupados em financiar os carros que não tiveram tempo de se dedicar às motos", opina.
A crise também atingiu os líderes (Honda, Yamaha e Suzuki) e abriu caminho para marcas recém-chegadas da China, em parceria com grupos nacionais, como Dafra, Sundown, Traxx e Kasinski.

TVS Motors
Pela primeira vez em 20 anos, a participação da Honda chegou a ficar abaixo de 70% -hoje está em 70,6%. Procurada pela Folha, a Honda não comentou a queda no "share".
"As motos chinesas têm preço diferenciado porque são pouco nacionalizadas, e os componentes importados são mais baratos que os nacionais", explica Moacyr Alberto Paes, diretor-executivo da Abraciclo.
Com a maior taxa de crescimento, a Dafra estabeleceu uma parceria com a indiana TVS Motors para a produção de uma esportiva pequena em Manaus, a partir de outubro.
"Já enfrentamos a concorrência das marcas grandes [Honda, Suzuki e Yamaha] na Índia", afirma Hardip Goindi, presidente da TVS.


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