São Paulo, domingo, 26 de agosto de 2007

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Após 17 anos, Vespa volta e desperta saudosismo

Leo Caobelli/Folha Imagem
"Scooter' italiano usa motor 150 de 12 cv e custa a partir de R$ 14,5 mil; importador diz vender 30 por mês


FABIANO SEVERO
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto os "scooters" eram fotografados no largo do Arouche (centro de São Paulo), um senhor -com os olhos cheios d'água- não se conteve e indagou: "Vespa zero-quilômetro? Que beleza".
O tom da pergunta parecia desconfiar de qualquer resposta afirmativa. Afinal, há 17 anos não se vê uma italianíssima Vespa nova no Brasil.
"Tive três. Uma M4 1960, outra 1964 e, 11 anos depois, comprei a FX. Ela já era a Rally e usava motor de 200 cm3 e dois tempos", contava o senhor.
O empresário Washington Garcia, 59, também volta ao passado. "Nos anos 60, reuníamos-nos na rua Augusta [nos Jardins, zona oeste] para papear. Todos com Vespa ou Lambretta. Era um barato."
Até os jovens se deixam seduzir pelo zumbido da Vespa. "A antiga era prática, econômica e supercharmosa. A nova é tudo isso e é "hype'", opina o tatuador Fernando Corrêa de Mattos, 19, dono de uma 1974.
Nem todos, porém, concordam. Luiz Carlos La Torre, dono da loja Latorre, especializada em Vespa, é um deles.
"Não gostei do desenho e, principalmente, do preço." Para ele, um projeto idealizado para ser barato não pode custar R$ 14,5 mil (modelo 150 LX). O GTS 250 sai por R$ 24,5 mil.
Além de pagar 35% de Imposto de Importação, seu preço está mais alto porque contempla novidades como o motor de quatro tempos -o que a deixa mais silenciosa-, os freios a disco e a partida elétrica.
Para o mecânico Reginaldo Silva, dono da Free Willy, também especializada em Vespa, o preço é realmente muito alto, mas o desenho compensa.
"Ela junta o antigo com o novo. E o melhor: o ladrão continua não querendo roubá-la. Não há mercado paralelo para ela", diz Silva, comparando-a com modelos de 125 cm3 da Honda e da Yamaha.

Efeito Mustang
No Brasil, a esperança do grupo PVGA é que aconteça o "efeito Mustang" dos EUA. Crianças dos anos 60 sonhavam com os carros dos pais. Anos depois, com mais idade e dinheiro, querem um Ford moderno, mas com ar retrô.
Guardadas as proporções, efeito semelhante pode acontecer com a Vespa, bem mais barata e acessível que o Mustang.
Eduardo Chaves, diretor do PVGA, contabiliza, por mês, 30 vendas em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. Até dezembro, ele espera vender 600 unidades, incluindo os "scooters" da Piaggio.

O "scooter" foi cedido para avaliação pelo PVGA


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