Espaçosa, versão X-Gear traz visual que destaca a robustez, mas minivan não encara trilha pesada

RICARDO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A minivan X-Gear é como uma adolescente em crise de identidade. Gosta de ser diferente e não sabe bem o que quer -ou o que é. Nessa fase, prefere culpar os pais por seus próprios defeitos.
A "mãe" Nissan até que se esforça para dar uma identidade aventureira ao "filho". No entanto, a ausência de um mecanismo verdadeiramente "off-road" faz com que o carro entre em parafuso. Afinal, lama ou asfalto? Só rodando para saber.
O teste Folha-Mauá mostra que, pelo menos em pisos pavimentados, o motor 1.8 (até 126 cv) do X-Gear não decepciona.
Com 1.204 kg, a minivan é ágil e retoma de 80 km/h a 120 km/h em 10,2s, tempo semelhante ao da irmã Livina equipada com o mesmo propulsor e também abastecida com álcool.
Só que o motor grita demais e o ruído invade a cabine. Já o câmbio automático de quatro marchas poderia ser mais esperto. Demora para se adaptar a uma toada mais esportiva.
É nessa hora que o motorista descobre que o maior destaque do modelo está nos plásticos que enfeitam os para-choques e contornam as caixas de roda. Tudo maquiagem. Entretanto, a X-Gear satisfaz o ego de quem constituiu família e não quer perder o ar descolado.

Adventure
E é justamente por ser uma Livina que ela herda as virtudes e os defeitos da "irmã".
Continuam faltando as regulagens de altura do cinto e do banco do motorista, assim como o computador de bordo.
"Economia à base de porcaria não dá", dizia a vovó quando se metia em suas receitas.
A boa relação custo-benefício vem do ar-condicionado, das rodas de aro 15 e da direção elétrica, bastante leve, aliás.
O acabamento interno até agrada, mas o painel continua com excesso de plásticos duros dignos de um Chevrolet Celta.
A sensação de conforto está ligada ao bom espaço interno, fruto do entre-eixos de 2,60 m -13 cm maior do que o da principal rival, a Fiat Palio Adventure (R$ 52.680).
A suspensão da X-Gear absorve impactos mesmo quando o motorista, para fugir do trânsito na volta de um feriado prolongado, resolve encarar o cais do porto de Santos.
Mas a altura em relação ao solo, os mesmos 16,5 cm do Livina, não inspira tanta confiança em terrenos mais acidentados. Se a sua aventura é pegar um atalho asfaltado para ir ao shopping, esse é o seu carro.
A versão avaliada é a topo de linha (R$ 63,7 mil). Quem optar pelo pacote simplificado, com motor 1.6 (106 cv) e transmissão manual, paga menos: R$ 51,7 mil. Ainda assim, quase 10% mais cara que a Livina sem maquiagem.