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MERCADO
Violência e preço alto fazem descapotáveis ser 0,02% da frota nacional; há 10 opções, que custam até R$ 635 mil
Ensolarado, Brasil ignora conversíveis
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem os 7.367 km de praias
fazem o Brasil ser rico em carros
conversíveis. Eles são apenas
0,02% do mercado. Na chuvosa
Inglaterra, a proporção é 50 vezes
maior. O preço alto e a violência
são apontados como os responsáveis por tanta escassez.
"O brasileiro sente-se desprotegido ao rodar sem capota", atesta
Laerte Dias, da MC Consultoria.
Pagar cerca de 25% a mais também desencoraja. "Isso foi decisivo para o fim do Chevrolet Kadett
GSi e do Ford Escort XR3."
Atualmente, seis empresas vendem dez modelos. "Oferecer conversíveis vale como imagem", disse Paulo Sérgio Kakinoff, diretor
de marketing e vendas da Volkswagen, ao anunciar a importação
do Eos em 2007. A previsão é que
tenha o preço de R$ 200 mil e que
seja adquirido por cinco pessoas.
Outra arma de sedução é a margem de lucro, que já encantou a
Audi, a BMW, a Peugeot, a Porsche, a Maserati e a Mercedes-Benz. Porém esses atrativos não
são suficientes para todos. A Nissan vende apenas a versão cupê
do 350Z -procurada pela Folha,
a montadora não se manifestou.
Sem opções nacionais, o brasileiro paga caro por um lugar ao
sol. A opção mais barata é o 206
CC. Francês, o modelo com as linhas da versão feita no Rio custa
R$ 83.290, R$ 35.390 a mais que a
versão topo de linha do hatch.
Ter o título de conversível mais
barato, porém, não lhe dá a liderança de vendas, que está com o
Peugeot 307 CC. Neste ano, foram
117 carros comercializados por R$
126.610. Com 138 cv (cavalos), é 14
cm mais comprido e 9 cm mais
baixo que o com capota rígida.
O céu é o limite
Para abrir o teto e não enxergar
o emblema da Peugeot, o consumidor é obrigado a fazer um cheque de, pelo menos, R$ 218 mil.
Esse é o valor do Mercedes-Benz
SLK com propulsor 1.8 de 163 cv.
A Mercedes-Benz também traz o
CLK 350 por R$ 328.383.
Mas a marca sabe que não venderá muito e optou por importá-lo sob encomenda -parece contentar-se com os 110 SLK vendidos em 2005. O modelo tem linhas inspiradas no SLR McLaren,
mas a esportividade fica só no desenho. Testado pela Folha e pelo
Instituto Mauá de Tecnologia, o
carro mostrou um desempenho
fraco. Para ir de 0 a 100 km/h, levou 9,22s, 2,5s a mais que o Audi
TT com a mesma cilindrada.
Se o Audi é rápido nas aceleradas, é lento para sair das revendas.
O roadster (conversível de dois
lugares) foi escolhido por apenas
cinco clientes, número seis vezes
menor que o do Porsche Boxster,
cujos donos pagam US$ 101 mil
(cerca de R$ 230 mil). Com 240 cv,
transforma brisa em ventania: leva o ponteiro a 100 km/h em 6,2s.
No Maserati Spyder, o mais exclusivo dos conversíveis à venda
no Brasil, o céu é o limite. O italiano abusa do preço e da velocidade. Ele atinge 283 km/h, mas, antes, é necessário assinar um cheque de R$ 635 mil. (LUCAS LITVAY)
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