São Paulo, domingo, 27 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMPACTO

Citroën ganhou apenas três cavalos com o combustível alternativo, o que não faz diferença no seu desempenho

Única diferença do C3 Flex é usar álcool

DA REPORTAGEM LOCAL

Por três anos, o C3 foi o patinho feio da Citroën. A expressão não se referia ao visual, mas ao baixo volume de vendas, que teimava em não passar de 700 unidades mensais.
Para enterrar esse estigma, a fábrica nacionalizou o motor 1.4, ação que diminuiu seus prejuízos. Investiu também em propaganda e "tabelou" o carro num preço promocional de R$ 34.950. Com novos valores, o C3 tornou-se mais belo ao consumidor. Atualmente, cerca de 1.400 unidades são emplacadas mensalmente.
O plano ambicioso segue, agora com o motor 1.6: ficou flexível ao preço de R$ 42,4 mil, um aumento de 2%. Vale lembrar que, há dois anos, o presidente da Citroën dizia que carros bicombustíveis eram como um "pato, que voa, anda e nada, mas faz tudo malfeito". Rendeu-se, porém, aos números que provam que o cliente quer escolher álcool ou gasolina.
A Folha e o Instituto Mauá de Tecnologia levaram para pista o C3 1.6 Flex. Testado com álcool, o desempenho, ao contrário do esperado, foi pior que com gasolina -apesar de o motor de 110 cv (cavalos) render 3 cv a mais com o derivado da cana-de-açúcar, ambos a 5.600 rpm. O torque (força) é de 14,5 kgfm (com gasolina) ou de 15,8 kgfm (álcool) a 4.000 rpm.
A explicação para o baixo desempenho com o álcool está na taxa de compressão, que foi mantida. "Foi uma escolha da Citroën", afirma Fábio Ferreira, gerente de desenvolvimento de produto da Bosch, que desenvolveu o sistema bicombustível.
Independentemente do combustível, o condutor terá, nas acelerações, um desempenho muito próximo. Para ir de 0 a 100 km/h, o C3, com álcool, leva 11,28s. É apenas 0,28s mais ligeiro que com o derivado de petróleo. Com o mesmo motor, o Peugeot 206 1.6 Flex leva, com álcool, 10,77s para concluir a missão.
E, se o desejo for mais facilidade ao fazer ultrapassagens, recomenda-se que o motorista do C3 gaste alguns centavos a mais e abasteça com gasolina. Com esse combustível, o C3 demora 8,83s para levar o ponteiro de 40 km/h para 80 km/h. Com o combustível "verde", o tempo sobe para 10,72s. Se o ar-condicionado estiver ligado, a espera é de 11,23s.
Apesar do desempenho mais fraco, é de se esperar que o condutor opte pelo álcool ante a gasolina. Afinal, ele gasta menos ao abastecer, mesmo com o consumo mais alto. Com o derivado da cana-de-açúcar, o C3 faz, na cidade, 7,3 km/l, contra 10,2 km/l na estrada. (LUCAS LITVAY) FICHA TÉCNICA

Citroën C3 Flex
Motor: dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, 1.587 cm3 de cilindrada
Freios: a disco ventilado na dianteira; a disco na traseira
Suspensão: dianteira independente, tipo McPherson; traseira com braços oscilantes
Dimensões: 3,85 m de comprimento; 1,68 m de largura; 1,52 m de altura; 2,46 m de entreeixos
Peso: 1.075 kg Porta-malas: 305 litros
Preço: R$ 42,4 mil

Texto Anterior: Ensolarado, Brasil ignora conversíveis
Próximo Texto: Álcool "batizado" segue aumento de bicombustível
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.