São Paulo, domingo, 27 de dezembro de 2009

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O eterno incompreendido

Nissan Sentra tem o melhor custo-benefício dos sedãs, mas vende um décimo de Civic e Corolla

FABIANO SEVERO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS

Nem todo bom carro é também bom de estrada. O Sentra é. Aliás, já era, desde 2007, quando decidiu mostrar a que veio no mercado brasileiro.
Agora, com a frente levemente retocada só para cumprir tabela, tenta provar que é um dos melhores sedãs médios para viajar nessas férias.
A viagem-teste da Folha compreendeu cerca de 1.000 quilômetros. De São Paulo, é a distância para ir e voltar do Rio. Pela Dutra, diga-se. Viaja pela Rio-Santos quem gosta de paisagem, aventura, curvas e lombadas, muitas lombadas.
A Dutra é mais curta -400 km contra 580 km da via litorânea- e concentra quase tudo que se espera de uma estrada para avaliar um carro. Tem retas longas, curvas abertas e fechadas, ondulações no asfalto, subidas e descidas leves e íngremes. Só faltam os buracos...
Aliás, a dupla Ayrton Senna/ Carvalho Pinto também participou. Cedeu seus 110 primeiros quilômetros num marasmo só. Em geral, é vazia e lembra uma estrada alemã. Não é à toa que foi considerada a melhor do Brasil pela Confederação Nacional dos Transportes.
Melhor assim. É a oportunidade de checar se o Sentra é silencioso como seus principais rivais, o Civic e o Corolla. E é.
Quase não se ouve vento, e a nova grade, mais lisa, parece ajudar o desenho da Nissan californiana a romper o vento.
A 120 km/h, o sedã feito no México se mantém estável. A suspensão não é das mais modernas. Usa o prosaico eixo de torção na traseira, enquanto o Civic já adota há gerações o sistema independente Multilink.
Nem por isso o Sentra é desconfortável. Há ondulações nas proximidades de Taubaté que fazem qualquer carro sacudir o esqueleto (leia-se chassi). O Sentra quase não oscila, graças aos amortecedores que seguram a histerese -movimento vertical das molas.

Cotovelos
O banco largo e comprido apoia as pernas como em poucos carros de luxo. Os ajustes de altura fazem altos e baixos acharem a posição de guiar.
O melhor mesmo está na porta. Nenhum concorrente trata os cotovelos alheios tão bem quanto o Sentra. Cotovelos? Sim, há de se pensar neles. Afinal, ficam horas a fio apoiados nos plásticos, ora duros, ora ásperos -quando não tentam maquiá-los e os forram de tecido, sem espuma por baixo.
No Sentra, não. Há gomos de ar que acomodam cotovelos de qualquer cor, raça ou classe social. Faz coro com o console central -peca por não ser corrediço, como em Civic e Focus.
Até aí, tudo velho. No interior do Sentra 2010, só mudam o som Rockford Fosgate e o fundo do painel. Passou de amarelo para branco, e estava ótimo sob o sol escaldante.
A essa altura, depois de 250 km, começam as curvas que se esquivam do Vale do Paraíba. E não são poucas nem brandas.
Os pneus 205/55 R16 não tomam conhecimento. Tampouco gritam por nada. A carroceria faz a sua parte, inclina pouco e dá conforto plausível.
A direção, porém, merecia alguma assistência hidráulica. É só elétrica e não tão precisa e obediente quanto a do Civic.
Mas o Sentra é bom. Por que, então, não emplaca?


A Nissan cedeu o Sentra para teste


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