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O eterno incompreendido
Nissan Sentra tem o melhor custo-benefício dos sedãs, mas vende um décimo de Civic e Corolla
FABIANO SEVERO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS
Nem todo bom carro é também bom de estrada. O Sentra
é. Aliás, já era, desde 2007,
quando decidiu mostrar a que
veio no mercado brasileiro.
Agora, com a frente levemente retocada só para cumprir tabela, tenta provar que é um dos
melhores sedãs médios para
viajar nessas férias.
A viagem-teste da Folha
compreendeu cerca de 1.000
quilômetros. De São Paulo, é a
distância para ir e voltar do Rio.
Pela Dutra, diga-se. Viaja pela
Rio-Santos quem gosta de paisagem, aventura, curvas e lombadas, muitas lombadas.
A Dutra é mais curta -400
km contra 580 km da via litorânea- e concentra quase tudo
que se espera de uma estrada
para avaliar um carro. Tem retas longas, curvas abertas e fechadas, ondulações no asfalto,
subidas e descidas leves e íngremes. Só faltam os buracos...
Aliás, a dupla Ayrton Senna/
Carvalho Pinto também participou. Cedeu seus 110 primeiros quilômetros num marasmo
só. Em geral, é vazia e lembra
uma estrada alemã. Não é à toa
que foi considerada a melhor
do Brasil pela Confederação
Nacional dos Transportes.
Melhor assim. É a oportunidade de checar se o Sentra é silencioso como seus principais
rivais, o Civic e o Corolla. E é.
Quase não se ouve vento, e a
nova grade, mais lisa, parece
ajudar o desenho da Nissan californiana a romper o vento.
A 120 km/h, o sedã feito no
México se mantém estável. A
suspensão não é das mais modernas. Usa o prosaico eixo de
torção na traseira, enquanto o
Civic já adota há gerações o sistema independente Multilink.
Nem por isso o Sentra é desconfortável. Há ondulações nas
proximidades de Taubaté que
fazem qualquer carro sacudir o
esqueleto (leia-se chassi). O
Sentra quase não oscila, graças
aos amortecedores que seguram a histerese -movimento
vertical das molas.
Cotovelos
O banco largo e comprido
apoia as pernas como em poucos carros de luxo. Os ajustes de
altura fazem altos e baixos
acharem a posição de guiar.
O melhor mesmo está na
porta. Nenhum concorrente
trata os cotovelos alheios tão
bem quanto o Sentra. Cotovelos? Sim, há de se pensar neles.
Afinal, ficam horas a fio apoiados nos plásticos, ora duros, ora
ásperos -quando não tentam
maquiá-los e os forram de tecido, sem espuma por baixo.
No Sentra, não. Há gomos de
ar que acomodam cotovelos de
qualquer cor, raça ou classe social. Faz coro com o console
central -peca por não ser corrediço, como em Civic e Focus.
Até aí, tudo velho. No interior do Sentra 2010, só mudam
o som Rockford Fosgate e o
fundo do painel. Passou de
amarelo para branco, e estava
ótimo sob o sol escaldante.
A essa altura, depois de 250
km, começam as curvas que se
esquivam do Vale do Paraíba. E
não são poucas nem brandas.
Os pneus 205/55 R16 não tomam conhecimento. Tampouco gritam por nada. A carroceria faz a sua parte, inclina pouco e dá conforto plausível.
A direção, porém, merecia alguma assistência hidráulica. É
só elétrica e não tão precisa e
obediente quanto a do Civic.
Mas o Sentra é bom. Por que,
então, não emplaca?
A Nissan cedeu o Sentra para teste
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