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MERCADO
Situação econômica e poder aquisitivo dos brasileiros ampliam a distância em relação ao que é produzido na Europa
Crise engata a ré nos modelos nacionais
LUÍS PEREZ
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Depois de terem sido chamados
de carroça, os veículos feitos no
Brasil passaram por um banho de
concorrência com a abertura de
mercado nos anos 90 e diminuíram a distância que os separava
dos modelos do Primeiro Mundo.
Mas, se a economia e o poder
aquisitivo do brasileiro não crescerem, teme-se que vários modelos -e tecnologias- demorem
ou nem cheguem ao país. E alguns
descompassos mostram que esse
processo de novo distanciamento
já está em marcha.
O Volkswagen Golf é um dos
maiores motivos de dúvida para o
Brasil. Lançada no fim do ano
passado, na Europa, a quinta geração do modelo está longe de figurar na linha de montagem de
São José dos Pinhais (PR).
Em nota divulgada à Folha, o
departamento de imprensa da
Volkswagen do Brasil apresenta
seu argumento: "Podemos apenas afirmar que, hoje, a produção
do Golf Geração 5 é absolutamente incompatível com a realidade
do mercado local e da economia
nacional, pois implicaria investimentos que tornariam o preço final do produto inacessível para o
bolso do consumidor".
Sem previsão
Célebre nos anos 90 por lançar
modelos atualizados e protagonista de um dos melhores exemplos do potencial brasileiro em alguns momentos, com a minivan
Meriva, a General Motors do Brasil também está penando para rejuvenescer suas linhas.
O Vectra, renovado na Europa
há dois anos, não tem previsão de
chegada ao Brasil. Segundo a Folha apurou, porém, o renovado
Astra -outro dos atrasados-
deve ser lançado aqui no primeiro
trimestre de 2005.
Oficialmente, a GM declara, em
nota: "Não há planos de termos o
novo Astra, da Opel, no país. No
entanto a GM do Brasil continuará trabalhando no sentido de modernizar sua linha e manter sua
posição de liderança no segmento". Declarar abertamente que o
futuro modelo virá pode prejudicar as vendas do atual.
A empresa traz bons exemplos
de produtos nacionais modernos.
"Celta e Montana foram 100% desenvolvidos pela GM do Brasil,
atendendo aos mercados interno
e externo. No caso do Omega, trata-se de um veículo importado da
Holden (GM Austrália) com projeto adequado às condições de
nosso mercado", afirma Cristiane
Sanches, gerente de marcas da
montadora.
Alteração completa
A Renault Scénic, assim como o
Mégane, já mudou completamente na Europa, seguindo a linha de design arrojado inaugurada com o sedã de luxo Vel Satis. A
Renault do Brasil oficialmente
afirma que não se pronuncia sobre lançamentos de carros.
Outro exemplo é o Audi A3.
Acaba de perder a versão duas
portas no Brasil. Na Europa, foi
renovado, ganhando a feição de
seus irmãos maiores, como o sedã
A4. A empresa não revela se vão
acontecer alterações. Tudo o que
diz é que o carro continuará sendo fabricado em São José dos Pinhais com a carroceria anterior
pelo menos até 2005.
Na Nissan, a picape Frontier e o
utilitário esportivo Pathfinder
dão mostras de superação. Embora nos catálogos mundiais de 2004
ainda figurem como "up-to-date"
em relação aos modelos que rodam no Brasil, suas novas versões
foram apresentadas há dois meses, no Salão de Detroit.
A picape ganhou um visual
mais robusto, e o jipão, uma terceira coluna de bancos. A montadora afirma que não estão previstas mudanças por aqui.
Saudade
O último arroubo de entrosamento com o que há de melhor na
Europa foi há dois anos, com o
lançamento de modelos como
Chevrolet Meriva (antes mesmo
de chegar às lojas da Europa),
Volkswagen Polo e novo Ford
Fiesta (disponíveis apenas meio
ano após sua apresentação no Salão de Frankfurt de 2001).
De lá pra cá, as empresas estão
tendo de se virar para não amargar "gerações perdidas".
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