São Paulo, domingo, 28 de maio de 2006

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COMBUSTÍVEL

Três anos depois, flexíveis ainda são fonte de dúvidas

Em média, álcool só compensa se custar até 70% da gasolina

DA REDAÇÃO

Quando a Volkswagen anunciou que passaria a vender um carro bicombustível, todos ficaram cheios de dúvidas. Passados três anos, as dúvidas continuam. Afinal, é possível usar gasolina, álcool ou a mistura dos dois em qualquer proporção como dizem as fábricas?
Em primeiro lugar, o consumidor precisa ter em mente que o consumo do álcool é maior que o da gasolina. Um Fiat Stilo 1.8 registra, em percurso urbano, uma média de 7,3 km/l com álcool e de 11,5 km/l com o outro combustível. Uma Renault Scénic 1.6 andará 2 km a mais por litro se tiver o derivado do petróleo no tanque.
Ainda que psicologicamente o combustível "verde" seja mais vantajoso -é possível encher o tanque de um Volkswagen Gol com R$ 75-, ele só compensará do ponto de vista financeiro se seu litro custar 70% do valor da gasolina.
Atualmente, vale a pena pedir álcool ao frentista. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis), o preço médio do litro da gasolina é de R$ 2,442 na cidade de São Paulo. O álcool sai por R$ 1,478, ou seja, a relação entre eles é 0,61.
A única exceção é o Fiat Palio 1.0. Se o motorista dividir o consumo rodoviário do álcool (9,3 km/l) pelo da gasolina (15,4 km/l), o resultado será 0,60. Sempre que a relação de preço álcool/gasolina for maior que o fator do carro (a divisão do seu consumo), a gasolina é mais vantajosa. Na cidade, porém, é mais econômico ficar com o combustível vegetal.

Rabo-de-galo
Engana-se quem pensa que os carros bicombustíveis são a legalização do rabo-de-galo, como é conhecida a mistura entre o álcool e a gasolina. O primeiro é muito mais corrosivo, por isso o carro recebe da fábrica um tratamento para que suas peças durem mais. O problema é que o álcool é hidratado, ou seja, ele tem água em sua composição.
Além disso, o álcool é mais sujo que a sua concorrente, em especial no interior do Estado, onde chega a ser vendido diretamente da usina. Isso dá mais trabalho ao filtro de combustível -o componente foi reforçado nos modelos flexíveis e teve seu intervalo de troca reduzido em até 5.000 quilômetros.
Para evitar problemas, os mecânicos recomendam que o motorista use pelo menos um tanque de gasolina a cada 5.000 quilômetros rodados com álcool. Depois, é possível voltar ao derivado da cana-de-açúcar. Isso ajuda a diluir uma possível borra que a sujeira do combustível tenha formado.
Caso o motorista queira, pode abastecer, sim, com gasolina, álcool ou os dois juntos. É possível dar partida no motor independentemente do combustível presente no tanque. O problema, no entanto, pode aparecer a longo prazo.
(JOSÉ AUGUSTO AMORIM)


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