São Paulo, domingo, 28 de novembro de 2010

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Viril, Camaro pensa estar nos anos 60

Design retrô e falta de equipamentos sofisticados fazem dele o "superesportivo" importado mais barato do mercado

Chevrolet de R$ 185 mil vem equipado com motor V8 de 406 cv, mas não há ajustes de suspensão ou de câmbio

FELIPE NÓBREGA
ENVIADO ESPECIAL A INDAIATUBA

Para os americanos, o exagero sempre foi uma grande virtude. Ou será que alguém realmente precisa de um copo com um litro de Coca-Cola na hora do almoço?
Os "muscle cars" (carros "musculosos", com motores grandes e potentes) são o melhor exemplo dessa extravagância ensandecida.
Tanto que, no início dos anos 60, quando foram criados, quase ninguém se importava com o fato de só conseguirem acelerar em linha reta -tinham pouca estabilidade em curvas. O Camaro era um deles, e fez sucesso.
Agora que aprendeu a fazer curvas, o Chevrolet chega ao Brasil remodelado e cheio de controles de estabilidade para domar seus 406 cv.
Até porque, após 44 anos e cinco gerações, já estava na hora de ele criar um pouco de juízo sob as rodas de aro 20.
O ronco vigoroso do motor 6.2 V8 e o visual nervoso, porém, mostram que o esportivo manteve a personalidade forte, ainda que os mais jovens só o associem ao personagem Bumblebee, carro-astro do filme Transformers.

AUTOESCOLA
Aliás, os 450 clientes que já encomendaram o modelo estão entre os nostálgicos. O volume surpreende até a própria GM, que previa essa venda ao longo de nove meses.
Barato ele não é. Há carros melhores por R$ 185 mil, mas nenhum tão viril. Com um V8 de mesma capacidade cúbica, o Mercedes E63 AMG, de 525 cv, sai pelo dobro.
Mas não dá para compará-los, como não dá para comparar um relógio Casio e um Rolex com a mesma hora.
Bronco, o Camaro desdenha da parafernália eletrônica que abençoa os alemães.
No Chevrolet não há como o motorista enrijecer a suspensão -enfim independente- ou tornar o câmbio automático mais esperto.
O projetor de velocidade no para-brisas é a exceção, enquanto os quatro (dispensáveis) mostradores no console parecem efeito especial da época da Guerra Fria.
Pior, só a bucólica "ciclovia" que a GM montou em seu campo de provas, em Indaiatuba (SP), para testar o Camaro SS, enquanto um "babá" no banco do carona limitava a velocidade por ordem da montadora.
Sendo assim, tiram-se duas conclusões: os enormes freios Brembo são eficientes e o esportivo serviria bem como modelo para autoescola. Vale aguardar uma avaliação real no teste Folha-Mauá.


O jornalista viajou a convite da GM, que cedeu o Camaro para (rápida) avaliação


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