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peças & acessórios
Aerofólio deve "grudar" carro no asfalto
Roberto Assunção/Folha Imagem
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O empresário Gabriel Von Dentz comprou diretamente da Subaru o aerofólio para seu Impreza WRX; na loja, custa R$ 5.000 |
Além do acessório, "spoiler" também ajuda dinâmica; fora das especificações, deixam o automóvel instável
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde que o filme "Velozes e
Furiosos" estourou nos cinemas, em 2001, a febre dos aerofólios não pára. Especialistas
em dinâmica veicular, porém,
alertam para o perigo de peças
exageradas, que podem prejudicar a dirigibilidade e aumentar o consumo de combustível.
O empresário Gabriel Von
Dentz, 24, nem bem tirou o seu
Subaru Impreza WRX da revenda e já o equipou com um
aerofólio importado dos EUA.
"Comprei o carro há duas semanas e coloquei o aerofólio da
Sti [versão vendida nos Estados
Unidos, ainda mais esportiva e
potente que a WRX comum]."
Para Von Dentz, que está no
seu quinto Impreza WRX, o
item melhora a dirigibilidade
em altas velocidades. "Acima
de 140 km/h, sinto o carro "sentar" no chão e a direção ficar
mais firme em curvas."
É esse equilíbrio entre os eixos dianteiro e traseiro que todos devem buscar quando colocam os apêndices aerodinâmicos, diz Álvaro Costa Neto, diretor da SAE (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade) e
professor de dinâmica veicular
da USP (Universidade de São
Paulo) de São Carlos.
"A maioria coloca o aerofólio
só por estética, sem pensar na
segurança. Nenhum fabricante
brasileiro oferece aerofólios
comprovadamente eficientes
na questão aerodinâmica."
Costa Neto explica que o aerofólio funciona como uma asa
de avião invertida. O ar passa
por entre as pás e "puxa" a traseira do carro para baixo
("downforce"). Essa pressão
vertical aumenta o contato do
pneu com o solo e a sua estabilidade acima de 120 km/h.
Já os "spoilers" -como prolongamentos dos pára-choques- desviam o vento da carroceria e evitam o "turbilhonamento" de ar atrás. Alguns modelos chegam a ajudar no resfriamento do motor, dos freios
e do escapamento.
Aerofólios e "spoilers", porém, também podem prejudicar a performance do carro. Se
a peça estiver fora das especificações da montadora, aumentará o arrasto e poderá produzir
o "liftforce" -o efeito contrário
do "downforce"-, deixando a
traseira sem rumo.
"Essas peças são específicas
para cada carro, pois, apesar de
os modelos terem mecânicas
parecidas, têm o coeficiente aerodinâmico bem diferente", explica o professor da USP.
Vitor Klizas, gerente-geral da
Subaru, conta que um cliente
encomendou um aerofólio feito no Chile e copiado do modelo japonês. "Numa reta a 120
km/h, o carro parecia querer
desgarrar a qualquer momento. O cliente acabou reinstalando o aerofólio original, que é
menor e mais eficiente."
De fábrica
Algumas montadoras oferecem os apêndices aerodinâmicos como acessórios originais.
A Renault e a Toyota têm kits
com saias laterais e "spoilers"
dianteiro e traseiro para as suas
peruas. O da Mégane Grand
Tour sai por R$ 5.490, R$ 1.990
a mais que o da Fielder.
Um kit semelhante da Chevrolet pode equipar o Celta por
R$ 1.500.
(FABIANO SEVERO)
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