São Paulo, domingo, 29 de abril de 2007

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peças & acessórios

Aerofólio deve "grudar" carro no asfalto

Roberto Assunção/Folha Imagem
O empresário Gabriel Von Dentz comprou diretamente da Subaru o aerofólio para seu Impreza WRX; na loja, custa R$ 5.000


Além do acessório, "spoiler" também ajuda dinâmica; fora das especificações, deixam o automóvel instável

DA REPORTAGEM LOCAL

Desde que o filme "Velozes e Furiosos" estourou nos cinemas, em 2001, a febre dos aerofólios não pára. Especialistas em dinâmica veicular, porém, alertam para o perigo de peças exageradas, que podem prejudicar a dirigibilidade e aumentar o consumo de combustível.
O empresário Gabriel Von Dentz, 24, nem bem tirou o seu Subaru Impreza WRX da revenda e já o equipou com um aerofólio importado dos EUA.
"Comprei o carro há duas semanas e coloquei o aerofólio da Sti [versão vendida nos Estados Unidos, ainda mais esportiva e potente que a WRX comum]."
Para Von Dentz, que está no seu quinto Impreza WRX, o item melhora a dirigibilidade em altas velocidades. "Acima de 140 km/h, sinto o carro "sentar" no chão e a direção ficar mais firme em curvas."
É esse equilíbrio entre os eixos dianteiro e traseiro que todos devem buscar quando colocam os apêndices aerodinâmicos, diz Álvaro Costa Neto, diretor da SAE (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade) e professor de dinâmica veicular da USP (Universidade de São Paulo) de São Carlos.
"A maioria coloca o aerofólio só por estética, sem pensar na segurança. Nenhum fabricante brasileiro oferece aerofólios comprovadamente eficientes na questão aerodinâmica."
Costa Neto explica que o aerofólio funciona como uma asa de avião invertida. O ar passa por entre as pás e "puxa" a traseira do carro para baixo ("downforce"). Essa pressão vertical aumenta o contato do pneu com o solo e a sua estabilidade acima de 120 km/h.
Já os "spoilers" -como prolongamentos dos pára-choques- desviam o vento da carroceria e evitam o "turbilhonamento" de ar atrás. Alguns modelos chegam a ajudar no resfriamento do motor, dos freios e do escapamento.
Aerofólios e "spoilers", porém, também podem prejudicar a performance do carro. Se a peça estiver fora das especificações da montadora, aumentará o arrasto e poderá produzir o "liftforce" -o efeito contrário do "downforce"-, deixando a traseira sem rumo.
"Essas peças são específicas para cada carro, pois, apesar de os modelos terem mecânicas parecidas, têm o coeficiente aerodinâmico bem diferente", explica o professor da USP.
Vitor Klizas, gerente-geral da Subaru, conta que um cliente encomendou um aerofólio feito no Chile e copiado do modelo japonês. "Numa reta a 120 km/h, o carro parecia querer desgarrar a qualquer momento. O cliente acabou reinstalando o aerofólio original, que é menor e mais eficiente."

De fábrica
Algumas montadoras oferecem os apêndices aerodinâmicos como acessórios originais. A Renault e a Toyota têm kits com saias laterais e "spoilers" dianteiro e traseiro para as suas peruas. O da Mégane Grand Tour sai por R$ 5.490, R$ 1.990 a mais que o da Fielder.
Um kit semelhante da Chevrolet pode equipar o Celta por R$ 1.500. (FABIANO SEVERO)


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