Teste Folha-Mauá mostra que, carregado, propulsor com menos torque tem maior aumento no consumo

Motor 1.4 tem a melhor relação entre economia de combustível e desempenho em trechos urbano e rodoviário

DE SÃO PAULO

O carro "mil" é o mais econômico, certo? Errado. Quer dizer, mais ou menos. É que, em geral, o senso comum associa a baixa capacidade cúbica do motor à economia de combustível.
Faz sentido se você estiver com o carro vazio, numa estrada plana, a 80 km/h e em quinta marcha.
Se tiver de encher o carro ou subir uma serra, o motor 1.0 precisa ser exigido demais (altas rotações) e deixa de ser o rei da economia.
Nesse caso, o motor 1.4 é a equação mais razoável entre desempenho e baixo consumo de combustível.
"O motor 1.4 tem mais torque e precisa de menos energia para deslocar a mesma massa", explica Ricardo Bock, professor do curso de engenharia automobilística da FEI (Fundação Educacional Inaciana).
Para tirar a prova, o teste Folha-Mauá levou para a pista dois Unos idênticos, com motores Evo 1.0 e 1.4. Até a cor, aquele "amarelo-Post-It", era igual.
Na estrada, com álcool e apenas o motorista a bordo, ambos têm consumos parecidos, em torno de 14 km/l.
Quando carregados com 280 kg de lastro, o do 1.0 cai para 13 km/l, e o do 1.4, para 12,8 km/l. Empate técnico.
A diferença é que os 88 cv e 12,5 kgfm de torque do 1.4 fazem toda a diferença nas retomadas. Em provas de 60 km/h a 100 km/h, o Uno 1.0 perde quase 5s com o peso extra. É a diferença entre fazer uma ultrapassagem segura e tomar um susto.
Na cidade, o "mil", de 75 cv e 9,9 kgfm, tem maior aumento de consumo de álcool com o lastro. Vai de 10 km/l (vazio) para 8 km/l.
Já o motor 1.4 vai de 8,9 km/l para 7,4 km/l.
Em outras palavras, se você puder, faça um esforço e compre o carro "popular" com motor 1.4. Motor 1.0 é coisa do passado. Brasileiro, diga-se.
(FABIANO SEVERO)