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Montadoras inventaram turbo, compressor, 16V e sexta marcha
Redução de IPI para motor 1.0 incentivou micos e aberrações
DE SÃO PAULO
O governo inventou o imposto baixo do carro 1.0. E a
indústria tratou de criar verdadeiras aberrações para aumentar o lucro e a venda.
Na década de 90, a grande
ousadia era o cabeçote com
16 válvulas. Por si só, uma incoerência: o motor só anda
bem em alta rotação e mata a
economia de combustível.
O Siena 6 marchas foi a
maior loucura da década. A
relação de marchas, que
aproveitaria melhor o escalonamento, era curta e exigia
muitas trocas no trânsito.
Sem falar que alguns motoristas não engatavam a
sexta achando que entraria a
ré. Resultado: nasceu em
1999 e morreu em 2000.
Em 2001, outra utopia. A
Volkswagen lançou o motor
1.0 16V turbo. Novo e acima
de 3.000 rpm, era um espetáculo! Despejava 112 cv e deixava o Gol 2.0 para trás.
Mas o motorzinho tinha
um problema crônico na polia que sincronizava o comando de válvulas. O óleo
velho provocava um "tec-tec" no motor. Parecia propulsor a diesel da década de
80. Na concessionária, a polia custava R$ 600.
Não satisfeita, a Volkswagen cometeu outras duas gafes. Lançou Seat Ibiza e Polo,
ambos com 1.0 16V de 79 cv.
O Polo deu mais azar. No
lançamento, em 2002, o governo elevou a tributação do
IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados) e arruinou
o Polo "popular". Ele ainda
resistiu um ano até morrer,
por custar mais que o 1.6
(R$ 31.430 contra R$ 30.645).
Também em 2002, a Ford
entrou para o clube do mico.
Inventou o motor 1.0 Supercharger para Fiesta e -pasmem!- EcoSport (2003).
O compressor volumétrico
da Eaton até rendia boa potência (95 cv), mas era barulhento e beberrão. No jipinho, ainda tinha de carregar
1.200 kg e ser barato. Uma
conta que não fechava.
(FS)
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