São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2010

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Montadoras inventaram turbo, compressor, 16V e sexta marcha

Redução de IPI para motor 1.0 incentivou micos e aberrações

DE SÃO PAULO

O governo inventou o imposto baixo do carro 1.0. E a indústria tratou de criar verdadeiras aberrações para aumentar o lucro e a venda.
Na década de 90, a grande ousadia era o cabeçote com 16 válvulas. Por si só, uma incoerência: o motor só anda bem em alta rotação e mata a economia de combustível.
O Siena 6 marchas foi a maior loucura da década. A relação de marchas, que aproveitaria melhor o escalonamento, era curta e exigia muitas trocas no trânsito.
Sem falar que alguns motoristas não engatavam a sexta achando que entraria a ré. Resultado: nasceu em 1999 e morreu em 2000.
Em 2001, outra utopia. A Volkswagen lançou o motor 1.0 16V turbo. Novo e acima de 3.000 rpm, era um espetáculo! Despejava 112 cv e deixava o Gol 2.0 para trás.
Mas o motorzinho tinha um problema crônico na polia que sincronizava o comando de válvulas. O óleo velho provocava um "tec-tec" no motor. Parecia propulsor a diesel da década de 80. Na concessionária, a polia custava R$ 600.
Não satisfeita, a Volkswagen cometeu outras duas gafes. Lançou Seat Ibiza e Polo, ambos com 1.0 16V de 79 cv.
O Polo deu mais azar. No lançamento, em 2002, o governo elevou a tributação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e arruinou o Polo "popular". Ele ainda resistiu um ano até morrer, por custar mais que o 1.6 (R$ 31.430 contra R$ 30.645).
Também em 2002, a Ford entrou para o clube do mico. Inventou o motor 1.0 Supercharger para Fiesta e -pasmem!- EcoSport (2003).
O compressor volumétrico da Eaton até rendia boa potência (95 cv), mas era barulhento e beberrão. No jipinho, ainda tinha de carregar 1.200 kg e ser barato. Uma conta que não fechava.
(FS)


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