São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 2002

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BOLSO

Se respeitar algumas técnicas de condução do veículo, motorista pode economizar um tanque a cada dois que enche

Estratégias reduzem "pit stops" nas férias

LUÍS PEREZ
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO

Aquela "aceleradinha" a mais, uma marcha esticada por distração ou os vidros abertos em altas velocidades podem fazer o carro gastar mais combustível. Pão-durismo? De forma nenhuma.
Levando-se em conta que encher o tanque de um carro compacto custa em média R$ 100 e que alguns dos cuidados, juntos, poupam até 50% de gasolina, é possível afirmar que a cada dois tanques se ganha um.
"Se você acelerar demais aqui, vai ter de frear bruscamente lá na frente. O melhor uso, para economizar, é o constante", aconselha o mecânico Valdo Gregório de Oliveira, 42, um dos donos da oficina San Marino, da Aclimação (região central de São Paulo).
Congestionamentos nas estradas tornam o automóvel mais "beberrão", além de poluir mais. Na tortura da ida ao litoral, é preciso pensar duas vezes antes de desligar o carro, o que só deve ser feito quando sentir que a parada será superior a dois minutos.
Nessa hora, deve prevalecer o bom senso. Ligar e desligar o motor envolve outros componentes, como bateria e motor de arranque. Não convém desgastá-los à toa. Ainda em viagens, é necessário ficar de olho no chamado peso morto -objetos dispensáveis.

Receita
"Toda mulher leva o guarda-roupa inteiro. Por prevenção, em vez de um vestido só, acabo levando cinco", diz Fernanda Belo da Cunha, 20, estudante de engenharia, que, filha de engenheiro automobilístico, fala com erudição sobre os vilões do consumo.
Sentencia: "O que faz você gastar é acelerar ou brecar demais. É preciso não pisar muito e manter a velocidade constante". Outra dica da estudante é sair de São Paulo com o tanque cheio. "Na estrada, eles metem a faca. A gasolina chega a ser até 40% mais cara."
O ar-condicionado está entre os equipamentos que mais "roubam" energia -e consomem combustível. "Neste verão, todo mundo vai ter de ligá-lo", atesta, pelo calor da última semana, o engenheiro Yasufumi Oki, 58, diretor da General Motors.
Detalhe: se é melhor desligar o condicionador de ar, imagina-se que ideal seria abrir os vidros. Não é. Velocidades mais altas (acima de 80 km/h) com vidros abertos significam maior resistência em relação ao ar. Ou seja, o carro precisa fazer mais "força" para se deslocar -e gasta mais.
Consumo menor passa por cuidados simples. "Calibrar pneu é uma coisa bastante trivial", afirma Silvio Figueiredo, 47, chefe do agrupamento de motores do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo).
"Se ele roda mais murcho do que o recomendado pelo fabricante, faz com que o veículo gaste mais combustível."
Ao volante, Gustavo Luiz Calheiros, 21, estudante de engenharia e um dos responsáveis pelos testes de automóveis realizados para a Folha pelo IMT (Instituto Mauá de Tecnologia) aconselha rodar sempre com o carro engrenado para não forçar o sistema.
Justamente o que não faz a lojista Erika Zaunrith, 34, adepta da "banguela" (marcha em ponto morto) em descidas menos íngremes ou outras situações: "Quando o sinal lá na frente está fechado, coloco na "banguela'".
São tantos detalhes para guardar que há pessoas completamente desencanadas, como a bancária Daniela Sanitate, 24. "Não me preocupo com nada disso. Tenho um Fiesta 1.0. Acho que tanto faz. Se tivesse um carro gastador..."


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