São Paulo, domingo, 30 de maio de 2004

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ESTRANGEIROS

Lojas independentes vendem carros raros como Corvette ou Mustang, mas é preciso cuidado com assistência

Importação própria traz privilégio e risco

Tuca Vieira/Folha Imagem
Lamborghini Gallardo, de 350 a 380 mil


RAFAEL ALVES PEREIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Quando o carro dos sonhos não está no catálogo de revendas oficiais ou não tem um representante da marca instalado no Brasil, a saída para quem deseja ter modelos como um Chevrolet Corvette ou um Ford Mustang é recorrer a um importador independente.
São lojas que compram diretamente no exterior de empresas sem política oficial de exportação para o Brasil ou que trazem modelos alternativos de marcas conhecidas. Elas cuidam dos trâmites legais, como emissão de documentos e adaptações técnicas.
O mercado é restrito. Quem quiser fazer parte desse clube precisa ter pelo menos US$ 30 mil (cerca de R$ 90 mil) no bolso, preço de um dos modelos mais baratos, o smart, da DaimlerChrysler. Para os mais endinheirados, há opções como o Gallardo, da Lamborghini , por US$ 350 mil (pouco mais de R$ 1 milhão).
Segundo a Abraciva, que representa os independentes, foram trazidos dessa maneira menos de 500 carros em 2003. Os importadores oficiais das marcas e mais as montadoras instaladas no país informam ter vendido, no mesmo período, 36.271 importados.

Cuidados
Antes de comprar, no entanto, é preciso estar atento a questões delicadas, como garantia, manutenção e reposição de peças. "A primeira preocupação é que o veículo seja trazido para o Brasil em nome do importador, e não do cliente", avisa Maria Christina de Almeida, do Procon de São Paulo.
Ela esclarece que o comprador só terá as garantias previstas no Código de Defesa do Consumidor se adquirir o carro de um revendedor dentro do Brasil. "Se a importação for feita em nome do cliente, é como se estivesse comprando diretamente do país de origem. Ele fica, então, sem a cobertura da lei brasileira."
A Abeiva (associação dos importadores oficiais) alerta para os riscos. "O dono não tem garantia de encontrar mão-de-obra treinada, esquipamento específico para manutenção ou peças", argumenta André Carioba, presidente.
Os independentes se defendem. O presidente da Abraciva, Juarez de Souza, avalia que há casos de falta de assistência, mas afirma que todas as lojas integrantes da associação oferecem serviços especializados de pós-venda. "Esse é o nosso principal requisito."
Nesse mercado, a negociação é um boa aliada de quem compra. Os serviços oferecidos ao cliente após a venda variam bastante e precisam ser analisados no momento de escolher a revenda.
Além do que é assegurado por lei, algumas lojas de São Paulo oferecem garantia de até um ano. A Forest Trade, por exemplo, estende a cobertura por seis meses e oferece revisões gratuitas durante esse período. Na Barreto Import, o prazo chega a um ano.

Satisfação
Mesmo com os riscos, há compradores felizes. O corretor Romeu Ragusin, 53, trouxe, em 1991, uma van Chevrolet Lumina e, quatro anos depois, importou um Ford Taurus. Os dois carros estão na família até hoje, e ele afirma não enfrentar dificuldades para a manutenção. "Estou satisfeito e não tenho muitos problemas."
A questão é o custo. "O que mais dói no bolso são as trocas constantes de peças da suspensão. Esses carros foram feitos para rodar nos EUA e sofrem nas ruas de São Paulo. Eu consigo as peças em lojas da cidade mesmo."
Problemas com reposição não são exclusivos dos independentes. A publicitária Heloísa Pasquale, 41, tinha um Cadillac Sevil- le, que não possui representação oficial no Brasil. "Há dois anos, troquei por um Pajero Sport, e o trabalho que tinha para conseguir peças do Cadillac é o mesmo que tenho agora", diz Pasquale.


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