|
Próximo Texto | Índice
EU GOSTEI
Montadoras usam Anhembi como termômetro de popularidade para decidir modelos a serem importados ou fabricados aqui
Maioria dos modelos em teste é aprovada
LUCAS LITVAY
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O Salão de São Paulo é um grande laboratório para as montadoras. Elas usam o evento -e seus
500 mil visitantes- para testar a
receptividade de alguns carros
que estudam produzir no Brasil
ou importar para cá.
Dez modelos estão sendo avaliados. O grupo Volkswagen mostra a versão conversível do Beetle
e o Polo Fun, com aparência
de "off-road", além do Altea,
monovolume da Seat. Já a
General Motors quer medir a
resposta à linha esportiva SS e
à picape mexicana Avalanche.
A Citroën, por sua vez, traz
novas versões do C3: a conversível Pluriel e a X-TR, que segue a linha do Polo Fun. A Nissan busca uma definição sobre
o Murano, e a Kia põe em debate o Opirus. Já a Ford tem a F-250
Harley-Davidson.
Voz do povo
A Folha ouviu a opinião de
alguns visitantes. Se depender
dos entrevistados, quase todos
os veículos serão bem-aceitos.
Porém o modelo que obteve a
maior quantidade de votos positivos foi o Beetle Cabrio.
Com posição de destaque no
espaço da VW, sua importação
do México é dada como certa.
"Ele é bem feminino. Uma
mulher dentro dele chama
muito a atenção", opina a estudante Giovana Mathias, 19.
Ao seu lado está o Polo Fun,
elogiado pelo publicitário Fernando Lambert, 36. Ele aceitaria
pagar até R$ 5.000 a mais pela versão com suspensão elevada.
"Gostei da costura do volante e da
maçaneta na cor da carroceria."
Já a linha esportiva SS, da Chevrolet, foi bem recebida pelo representante comercial Victor Bertocco, 40. "Se fosse comprar um
Astra ou uma Meriva, escolheria
esse novo acabamento." Segundo
Samuel Russell, diretor de marketing da GM, a SS chega no ano que
vem. "É um projeto que atende a
um pedido do consumidor, que
quer um interior com detalhes exclusivos."
Outro carro aprovado é a
Avalanche. "Como eu viajo
muito, seria uma ótima opção", diz o empresário
Eduardo Souza, 39. Mas ressalva que a picape não seria
prática na cidade. "A aceitação do público foi boa. Agora
estamos estudando sua viabilidade, já que nos EUA custa
US$ 35 mil", afirma Ari Kempenich, gerente de marcas da
GM. A decisão vai demorar,
pelo menos, um ano.
O casal Pio Westin, 43, e Geni
Macedo, 33, encantou-se com o
design do C3 Pluriel. Westin pagaria até R$ 120 mil pelo conversível, mas só o usaria nos fins de
semana -a marca ainda não se
decidiu, mas estima que o preço
seja R$ 40 mil mais baixo.
O design do Murano também
foi elogiado. Para a estudante Andreza Ferreira, 20, é "sutil e agressivo". A Nissan diz que o interesse
do público -ao perguntar o
preço às modelos, por exemplo- a fez decidir importá-lo,
embora sem data certa.
Escondido atrás do estande
da VW, o Altea tem futuro duvidoso. Na verdade, o objetivo
é saber como é a reação a seu
desenho. Para a artesã Paula
Galindo, 25, seria uma boa
opção de minivan. "Mas a
traseira lembra a do Fox."
Rejeitados
Nem todos os modelos, como a F-250 Harley-Davidson
e o Opirus, foram aprovados.
O autônomo Pedro Guazzelli, 40,
achou exagerados os adesivos que
simulam fogo. "Sou mais tradicional." A Ford já resolveu que
não vai produzi-la no Brasil.
A Kia decidiu oferecer seu sedã
por R$ 130 mil antes mesmo de o
Anhembi abrir as portas. Mas, se
dependesse do analista de sistemas Georg Mittelsdorf, 62, ela não
faria isso. "É uma imitação da
frente da Mercedes-Benz. Se fosse
escolher, preferiria um alemão."
Colaborou Vanessa Garcia, free-lance
para a Folha
Próximo Texto: Na lama: Fábricas apostam no visual fora-de-estrada Índice
|