São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2004

Próximo Texto | Índice

EU GOSTEI

Montadoras usam Anhembi como termômetro de popularidade para decidir modelos a serem importados ou fabricados aqui

Maioria dos modelos em teste é aprovada

LUCAS LITVAY
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O Salão de São Paulo é um grande laboratório para as montadoras. Elas usam o evento -e seus 500 mil visitantes- para testar a receptividade de alguns carros que estudam produzir no Brasil ou importar para cá.
Dez modelos estão sendo avaliados. O grupo Volkswagen mostra a versão conversível do Beetle e o Polo Fun, com aparência de "off-road", além do Altea, monovolume da Seat. Já a General Motors quer medir a resposta à linha esportiva SS e à picape mexicana Avalanche.
A Citroën, por sua vez, traz novas versões do C3: a conversível Pluriel e a X-TR, que segue a linha do Polo Fun. A Nissan busca uma definição sobre o Murano, e a Kia põe em debate o Opirus. Já a Ford tem a F-250 Harley-Davidson.

Voz do povo
A Folha ouviu a opinião de alguns visitantes. Se depender dos entrevistados, quase todos os veículos serão bem-aceitos. Porém o modelo que obteve a maior quantidade de votos positivos foi o Beetle Cabrio.
Com posição de destaque no espaço da VW, sua importação do México é dada como certa. "Ele é bem feminino. Uma mulher dentro dele chama muito a atenção", opina a estudante Giovana Mathias, 19.
Ao seu lado está o Polo Fun, elogiado pelo publicitário Fernando Lambert, 36. Ele aceitaria pagar até R$ 5.000 a mais pela versão com suspensão elevada. "Gostei da costura do volante e da maçaneta na cor da carroceria."
Já a linha esportiva SS, da Chevrolet, foi bem recebida pelo representante comercial Victor Bertocco, 40. "Se fosse comprar um Astra ou uma Meriva, escolheria esse novo acabamento." Segundo Samuel Russell, diretor de marketing da GM, a SS chega no ano que vem. "É um projeto que atende a um pedido do consumidor, que quer um interior com detalhes exclusivos."
Outro carro aprovado é a Avalanche. "Como eu viajo muito, seria uma ótima opção", diz o empresário Eduardo Souza, 39. Mas ressalva que a picape não seria prática na cidade. "A aceitação do público foi boa. Agora estamos estudando sua viabilidade, já que nos EUA custa US$ 35 mil", afirma Ari Kempenich, gerente de marcas da GM. A decisão vai demorar, pelo menos, um ano.
O casal Pio Westin, 43, e Geni Macedo, 33, encantou-se com o design do C3 Pluriel. Westin pagaria até R$ 120 mil pelo conversível, mas só o usaria nos fins de semana -a marca ainda não se decidiu, mas estima que o preço seja R$ 40 mil mais baixo.
O design do Murano também foi elogiado. Para a estudante Andreza Ferreira, 20, é "sutil e agressivo". A Nissan diz que o interesse do público -ao perguntar o preço às modelos, por exemplo- a fez decidir importá-lo, embora sem data certa.
Escondido atrás do estande da VW, o Altea tem futuro duvidoso. Na verdade, o objetivo é saber como é a reação a seu desenho. Para a artesã Paula Galindo, 25, seria uma boa opção de minivan. "Mas a traseira lembra a do Fox."

Rejeitados
Nem todos os modelos, como a F-250 Harley-Davidson e o Opirus, foram aprovados. O autônomo Pedro Guazzelli, 40, achou exagerados os adesivos que simulam fogo. "Sou mais tradicional." A Ford já resolveu que não vai produzi-la no Brasil.
A Kia decidiu oferecer seu sedã por R$ 130 mil antes mesmo de o Anhembi abrir as portas. Mas, se dependesse do analista de sistemas Georg Mittelsdorf, 62, ela não faria isso. "É uma imitação da frente da Mercedes-Benz. Se fosse escolher, preferiria um alemão."


Colaborou Vanessa Garcia, free-lance para a Folha


Próximo Texto: Na lama: Fábricas apostam no visual fora-de-estrada
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.