LÍGIA MESQUITA
EDITORA-ASSISTENTE DO VITRINE

"Vocês estão na loja para quê?", pergunta o sujeito à platéia, que grita: "Vender". "Quando?", continua. "Sempre", berra a platéia, formada por vendedores de shoppings. "Que horas são?", segue ele. A turma devolve: "Showtime".
É nesse clima de programa de auditório que se desenvolve a palestra motivacional "Show de Natal", voltada a vendedores do varejo. O treinamento é feito pela filial brasileira da Friedman, consultoria criada nos 80 nos EUA, e que atende a shoppings como Morumbi, Eldorado e Tatuapé, em São Paulo. A palestra acontece em um hotel, no Paraíso. Um telão exibe projeções de power point.
O consultor -Marcelo Chita, que é formado em publicidade e propaganda pela ESPM-, diz que vendedores precisam ser artistas e que a venda é um show (daí o bordão do "showtime", hora do show, em inglês, repetido à exaustão). Ele começa propondo um momento de reflexão: "Como você fechou 2007?" Silêncio. "Já escreveram a cartinha para o Papai Noel?", pergunta à turma, dividida entre jovens na casa dos vinte e poucos anos, que trabalham para grifes de moda, e vendedores um pouco mais velhos, de uma rede de livrarias.
O espírito natalino então baixa no lugar. Chita diz àquelas pessoas que pagaram R$ 115 pela inscrição que é "tempo de fraternidade, de ter sonhos e metas". Ele não chega a colocar a trilha sonora "Então é Natal" (versão em português de "Happy Xmas", de John Lennon e Yoko Ono). Mas conta uma história sobre Lennon, com a seguinte moral: creia nos seus sonhos. O consultor afirma: "Papai Noel existe, e é você que trabalha no varejo".


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